Silêncio: antídoto para mistificação e animismo

Mistificação não deve ser confundida com animismo. Na primeira, temos a mentira; no segundo, o desajuste psíquico.

Portanto, cuidado ao afirmar que o outro está fingindo ou forçando uma incorporação. Se você não é vidente ou sensitivo ao ponto de saber que o Guia está ou não incorporado no médium, não pronuncie inverdades. Pois assim o mesmo você se tornará.

O início dos trabalhos mediúnicos não tem prazo; muitos levam décadas e ainda assim se encontram no início do trabalho com algum Guia. Muitos médiuns, em décadas, jamais sentiram a energia de toda egrégora e já se sentem plenos a ponto de julgar um irmão.

É preciso se conscientizar que desenvolvimento mediúnico se dá até o dia da coroação e ainda assim o médium continua o desenvolvimento espiritual, atrelado ao mediúnico.

Cada médium no Terreiro tem o seu trajeto mediúnico a percorrer, assim como fazem ao sair de suas casas terrenas até chegarem ao Terreiro; cada um traçou uma rota, saiu mais cedo ou mais tarde, passou por intercorrências ou parou por uns instantes. Ou seja: cada trajeto é único! O chegar é que é importante (e chegar bem é mais importante ainda).

É tempo de parar de buscar incorporações a qualquer custo. O médium é ser único e deveria aproveitar seu trabalho medianeiro para sua própria evolução. Não queira ser o melhor, crendo que se seu Guia já fala ou oferta passe, você está assim evoluindo. Não é isso a Umbanda!

O animismo é trabalhado pelo Chefe da Casa como um processo mediúnico. As pessoas são vaidosas e por vezes levam isso para o trabalho espiritual. Então, cabe ao Guia chefe trabalhar esse desajuste e afinizar a coroa mediúnica junto ao Guia do médium. Assim, sutilmente, a afinidade vai sendo criada.

Não se preocupe se você está há meses ou anos dentro de uma Casa; nosso tempo aqui é outro. Se o seu Guia não fala, não anda, não olha pra ninguém, isso é gestual da matéria! Seu Guia está muito mais ativo e comprometido com seu desenvolvimento e você ainda se preocupando com o que os outros irão ver ou pensar. Que triste! Aproveite essa conexão, o momento é apenas seu!

silencio

O Guia não precisa provar dando passes, fazendo puxadas, dando abraços ou palavras para ninguém. O Guia precisa de você para um alinhamento energético, precisa acoplar e dissipar os pensamentos vaidosos, precisa se resguardar nas incorporações para que seu aparelho receba todo conforto da espiritualidade.

Guia andando pelo Terreiro ou gesticulando sozinho, isso é trabalho espiritual. O que você enxerga é muito pouco, é limitado para tudo que realmente esta acontecendo.
Quisera você enxergar toda carga densa que está sendo retirada, toda energia fluida que está sendo emanada, todos os irmãos que estão sendo doutrinados, toda Luz que está sendo canalizada para o local. Seu olhar é limitado.

Silêncio como fonte de conhecimento

Já é tempo de entender que Umbanda vai além da baforada do charuto, da gargalhada alta, da palavra desenfreada. Umbanda, por vezes, é silêncio!

Cuidado médium pra esse silêncio não lhe ensurdecer e você deixar o animismo dominar seu trabalho. Aí sim você corre sério risco de acabar sendo um mistificador, acabará dando oportunidade aos quiumbas de agirem em nome da Luz Divina!

Silêncio é oração. Silêncio é ponto cantado. Silêncio é aprendizado!

Aproveite esse encontro e usufrua; o momento é seu e do seu Guia. Quem corre fora de hora cansa, desanima, sofre e abandona. É devagar, é devagarinho… Use este tempo como algo sagrada, em seu favor.

Quem anda com Nego Véio nunca fica no caminho. Salve a Luz dos seus Orixás. Salve a sua Luz!

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