Qual é o melhor momento para uma oração?
Qual é o melhor momento para uma oração? Qualquer hora serve, responderá a maioria. Talvez a pergunta fique melhor assim: por que só nos dedicamos a orar, fazer firmezas e rituais quando as coisas não andam bem?
A primeira reação das pessoas é vestir a carapuça e concordar. Realmente oramos mais, pedimos mais por ajuda da espiritualidade quando as coisas não andam lá muito boas, seja qual for a área de nossas vidas (relacionamento, trabalho, saúde, etc.). Numa conversa real sobre este tema, logo depois de algum silêncio, uma pessoa disse:
“Ah, mas também não dá pra ficar enchendo o saco dos Guias toda hora; se tá tudo bem, deixa os outros com mais dificuldades pedirem, não é?” Argumento bom esse!
Mas vamos olhar um pouco mais de perto sobre essa questão. Religião para você funciona como uma válvula de escape, como pronto-socorro da fé?
E antes que alguém se apresse em dizer “não, imagina, amo minha religião”, etc e tal, vamos ligar o alerta da hipocrisia: muitos lidam sim com a religião de forma utilitarista, ou seja, só quando precisam. Mas muitos outros terminam por se apegar ao dia a dia, à ritualística e ao próprio ambiente que compõe a religião. E isso ocorre bastante na Umbanda.
E nessa história não há bandidos e mocinhos, certo e errado. De novo, deixando a hipocrisia de lado, sabemos que grande parte dos umbandistas chegam até um Terreiro pela primeira vez pela dor. Algo está errado em sua vida e, geralmente por indicação, a maioria pisa na Umbanda no início.
Nenhum Guia espiritual (Caboclo, Preto Velho, Pombagira, etc.) vai questionar se a sua visita é a primeira ou a milésima ali naquela Casa. Vão, por outro lado, atender com o coração aberto, vão ouvir e aconselhar, numa busca por equilíbrio energético e soluções que todos temos condições de alcançar. E se você for bem atendido numa primeira vez, quem sabe você não volta mais vezes, não é mesmo?
“Ah, mas tem gente que não volta não… Resolveu onde dói, vai embora.” Pode ser. Mas não cabe aos Guias espirituais julgarem. E nem a nós.
O que podemos e devemos fazer é tornar a Umbanda cada vez mais compreensível para todos: seus rituais, origens, como trabalha cada Linha, a presença dos Orixás e assim por diante.
Contra o obscurantismo nada melhor do que a luz do conhecimento para iluminar e esclarecer visões difusas e até preconceituosas.
E se por acaso ou opção você é uma daquelas pessoas que frequenta as Giras de Umbanda somente quando alguma coisa não está bem em sua vida, fique tranquilo. Não haverá julgamento (ao menos por parte dos Guias). Em oposição, ninguém “enche o saco” dos Guias ao frequentar o Terreiro semana após semana, não existe isso. As portas e corações estarão sempre abertos.
Melhor momento para uma oração é agora
E já que estamos tentando enxotar a hipocrisia, a frase “o melhor momento para uma oração é agora” está certa e faz todo sentido. Mas nem sempre estamos tão afim disso.
Mais vale uma oração feita com fé e propósito do que ficar repetindo palavras vazias todos os dias, no mesmo horário e no mesmo lugar.
A vida é cada vez mais corrida, cheia de afazeres. Ficar sentindo culpa porque não consegue parar para fazer uma oração ou uma firmeza simples em casa não é bom. Não carregue este fardo!
Se tudo está bem na sua casa, o trabalho e o relacionamento seguem a rotina, o dinheiro está OK, a saúde segue sem sustos, é correto dizer que tudo segue normal. E é aí que muitos acabam deixando para lá suas orações, firmezas, oferendas e agradecimentos à espiritualidade.
A religião serve para nos reconectar com a espiritualidade e consigo mesmo. É parte da vida, é apoio e alívio ao mesmo tempo.
O melhor momento para uma oração é qualquer hora, mas isso é uma escolha individual.
Se decidir um dia e horário para as suas, parabéns. Este compromisso é muito mais seu do que do Guia ou Orixá. Uma certa rotina de devoção, desde que seja sincera, pode ser muito importante em nossas vidas. Mas não é obrigatória.
E você não vai ser alvo de demandas por faltar às Giras, embora fortalecer as defesas espirituais seja algo a se fazer sempre.
E se você é daquelas pessoas que há muito não consegue parar um pouquinho para orar, acender uma vela, um incenso e pedir, conversar e agradecer, não se culpe. Não fique achando que está devendo algo.
Reserve sim alguns momentos do seu dia para respirar fundo, agradecer pelo que tem e focalizar o que deseja. Lembre-se do Guia que lhe atendeu cujas palavras ainda estão vivas em sua mente e siga em frente. Porque sempre que você puder (ou precisar) o Terreiro de Umbanda estará lá esperando por você.