Umbanda de fora para dentro? Não!

Umbanda de fora para dentro, o que isso significa?

Conforme citado por mim no artigo sobre desenvolvimento mediúnico publicado anteriormente aqui no UMBANDA EU CURTO, e também em diversas aulas no Templo de Doutrina Umbandista Caboclo Lua Branca, em Manaus (AM), temos que nos ater muito mais em nós mesmos do que na espiritualidade ou nos rituais, durante o nosso eterno desenvolvimento mediúnico, caso estejamos focados no propósito de caridade da Umbanda.

Gosto sempre de reforçar: somos energia, imantamos e atraímos vibrações energéticas a todo o instante e nossa capacidade de fazer isso, de forma positiva ou negativa, está totalmente relacionada com nosso pensamento e sentimento.

Ao fazermos uma oração, focamos o pensamento para nossos objetivos, seja de conquistas ou agradecimentos. Então, a reza nada mais é do que um direcionamento energético para uma finalidade, tal como as Giras, os passes, os pontos cantados ou riscados, etc.

Isso tão é verdade que é explicado pela Física Quântica e também pelo Espiritismo antigo, como o praticado nos Centros Kardecistas. Em um dos trechos dessa vasta bibliografia diz:

Sobre o mecanismo do passe mediúnico:

“O fluxo energético se mantém e se projeta às custas da vontade do passista, como também de entidades espirituais desencarnadas que o auxiliam na composição dos fluidos, não havendo, portanto, necessidade de incorporação mediúnica. O médium age somente sob a influência da entidade e, por isso, não precisa falar, aconselhar ou transmitir mensagens simultaneamente ao passe. As forças fluídicas vitais (psíquicas) dependem do estado de saúde do médium e as espirituais do seu grau de desenvolvimento moral. Assim é que o médium passista deverá estar, o mais possível, em perfeito equilíbrio orgânico e moral.”

– EMMANUEL, Psicografia de Francisco C. Xavier, Caminho, Verdade e Vida, Cap. 153

Notem que, de forma mais passiva do que a incorporação, o médium precisa, também, de conexão psíquica e alto grau de desenvolvimento moral. Isso justifica (com visão multi religiosa) o porquê de nosso desenvolvimento ser focado no autoconhecimento e reforma íntima, pois somos o que imantamos; então, somos o que pensamos.

É comum esperarem da Umbanda uma gama repleta de rituais, crendices, fantasias, simpatias e toda sorte de pirotecnias que fazem com que o descrente, quando não a chacoteia, passe a dar apenas um mínimo voto de dúvida pelo tamanho espanto com todas essas falácias ritualísticas.

Porém, ao conhecermos a Umbanda por dentro, temos que admitir estarmos em um espaço religioso para, tal como sugere o nome, praticar algo que nos ligue ao Sagrado. Mas essa religação não se dará por meios involuntários ou mesmo automáticos. Ele se dará a partir de uma longa jornada de desconstrução de mitos, dogmas e pensamentos limitantes de nossa crença, como por exemplo, a ideia de que somos constantemente manipulados pela espiritualidade, atribuindo a Guias, Orixás e a Deus, os sucessos e fracassos da nossa vida, sem lembrar, oportunamente, do nosso livre-arbítrio e da nossa responsabilidade pelas escolhas realizadas.

Chegar a um Terreiro e sair dele “carregando” um egum que te acusaram ter é o que muita gente alega quando cita suas experiências iniciais na Umbanda.

Assim como é simples para o consulente culpar a espiritualidade pelo seu fracasso, é simples para o dirigente de um Templo fazer o mesmo e esquivar-se da obrigação religiosa evolutiva, que deve ser cumprida a seus semelhantes menos orientados.

Chegou a hora do umbandista entender que não há rituais para tudo, não há magias para melhorar seu próprio ego e vaidades, não há quizila que desmanche em um ser que está o tempo todo vibrando negativamente e deixando de aprimorar seus conhecimentos sobre a espiritualidade e a ação prática sagrada dos Orixás e Guias de Lei da Umbanda.

Há, sim, uma forma de se policiar sobre a forma como anda agindo para com seu semelhante e principalmente para você mesmo. Como bem escreveu o Pai Rodrigo Queiroz no seu livro “O Poder da Umbanda”, não somos marionetes da espiritualidade. Complemento dizendo que não há um Orixá ou mesmo Deus, avaliando o tempo todo o que fazemos ou não, quais nossas escolhas dia a dia ou como ofertamos ou deixamos de ofertar a um Guia ou Orixá.

Não há um controle remoto para nos direcionar ou nos salvar dos “ditos” pecados, conforme sugere diversas religiões cristãs.

Umbanda de fora para dentro é algo impensável. O correto é (e sempre será o contrário).

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