Todo Preto Velho é velho? Entenda
Todo Preto Velho, afinal, é mesmo velho? Parece até uma pergunta boba. Mas não é. E saibam: é uma das coisas que mais permeiam o imaginário dos umbandistas é o mistério dessa entidade.
Afinal, os pontos falam sobre cativeiro, escravidão, trabalho forçado e os mais diversos tipos de “judiação” praticadas no Brasil colonial. E seus nomes trazem sempre referências à África.
Mas isso acontece por que foram mesmo escravos? Sim e não. E vou explicar.
Irmãos, aconteceu com eles o mesmo que com os Exus e Caboclos.
Enfim, com praticamente todas as Linhas de Umbanda.
Quando a Umbanda fora criada tínhamos saído muito recentemente, e quase não totalmente, de um Brasil colonial, cheio de vícios e violências inimagináveis contra os filhos desta terra. Os espíritos que vinham trabalhar são remanescentes, em sua maioria, desta época.
Logo, os primeiros contatos com essa Linha de trabalho eram sim de ex-escravos, trabalhadores mestiços e outros tipos de espíritos desencarnados por causa da opressão da época.
São entidades iluminadas durante sua encarnação que vieram pela Umbanda para trabalhar a cabeça dos encarnados e também para ajudar a transformar os dias de sofrimento do passado em esperança para o futuro.
Então eram negros e velhos?
Primeiro, é muito delicado segmentarmos uma linha de trabalho por cor, idade, raça, etc., pois isso limita algo que é tão abrangente, mas que é perfeitamente entendido por eles como sendo natural de nós, já que ainda estamos no processo de evolução.
Segundo, não necessariamente eram negros e velhos…
O espírito, ao desencarnar, não é mais condicionado às regras da Terra. Ou seja, ele pode plasmar a aparência que quiser. Cor e idade não são condições dessa nova existência.
Além disso, existem muitos outros espíritos, de várias raças e lugares, iluminados o suficiente que trabalham nessa Linha, sob essa imagem.
Imaginem as várias falanges como patentes em que espíritos sintonizados com os pré-requisitos dessa energia sejam convidados a participar dela para ajudar os encarnados a alcançar suas evoluções.
Dessa forma, qualquer espírito, de qualquer natureza, que esteja alinhado com essa linha de trabalho pode ser um trabalhador das almas, sem necessariamente ter vindo de África.
Mas irmão, eles agem como velhinhos! É tudo fingimento? Não, não é fingimento.
A mediunidade é um trabalho de parceria, onde as duas partes estão dispostas a cooperar para que consigam se conectar uma à outra e assim criar um elo.
Mas para isso é preciso que nenhuma das partes tenha barreiras (de qualquer nível) que impossibilitem essa ligação.
Se no seu mental todo Preto Velho é uma figura ancestral, antiga, curvada, que fala arrastado, é assim que ele vai se projetar para você.
Lembra que o espírito pode se plasmar da maneira que quiser? Ele faz isso para que você não se sinta inseguro e não crie barreiras mentais que impossibilite o trabalho de caridade.
Além do mais esse é o formato que as pessoas que serão atendidas também concebem essa falange. Portanto, é assim que ele virá: como a figura do avô, da avó, daquele consolo espiritual que a necessidade de cada um demanda.
Nossa irmão! Mas quanto trabalho é ser um Preto Velho! Sim, tanto quanto é pertencer a qualquer falange. E assim como nem todo Preto Velho é velho, nem todo Caboclo é índio, e nem todo Exu teve a vida encarnada na marginalidade. Mais uma vez essas fantasias que criamos são heranças dessa primeira impressão.
Isso mostra a importância de sempre se estudar e buscar saber sobre a nossa religião, e não só nos preocuparmos quando estamos em necessidade.
Quando for no seu Terreiro, antes de qualquer pedido, abrace a entidade e agradeça-lhe o empenho de estar ali trabalhando. E quando ela se for faça o mesmo pelo médium.
Estamos todos conectados irmãos! E reconhecermos o esforço desses trabalhadores do Astral é só o mínimo que podemos fazer em agradecimento.
Que todas as santas almas benditas guiem seus corações no caminho da luz, do amor e da caridade.
Adorei as almas! Que todo Preto Velho seja saudado!
Dedico esse post à Vovó Cambinda, Vovó Maria Redonda e Pai João das Matas!