Medo da mediunidade nas crianças

Medo da mediunidade, para simplificar, é medo do desconhecido. É grande o sentimento de inquietação quando estamos diante de um perigo real ou imaginário. Temer o desconhecido e o novo é próprio da natureza humana, mas a questão central que aqui queremos destacar é o medo gerado pela mediunidade nos mais jovens.

A mediunidade é um dom natural que poderá se desenvolver ao longo da vida em graus diferentes: alguns já nascem com esse dom aflorado, enquanto outros poderão desenvolvê-la com o passar do tempo.

É possível afirmar que uma das raízes do medo da mediunidade são o preconceito e o desconhecimento dos adultos com relação às crianças, pois muitas se apresentam com mediunidade aflorada desde cedo.

A falta de entendimento em aceitar sequer discutir o assunto é um dos equívocos mais graves, visto que muitas famílias têm filhos com dons especiais e não sabem lidar com isso. Pais que já praticam religiões espiritualistas tendem a ter mais facilidade em lidar com essas situações de mediunidade em crianças ou adolescentes, levando-os ao convívio religioso desde cedo.

Esse mundo desconhecido deve ser encarado com seriedade, pois muitos são os casos em que as crianças que têm vidência e brincam com os amigos imaginários (e esses amigos podem ser bons ou ruins).

O próprio ambiente familiar pode influenciar estas manifestações, daí a importância de manter uma energia positiva e pacífica em casa. Além disso, se estas crianças crescerem sem identificar estes dons não saberão trabalha-los, numa relação direta do medo da mediunidade dos pais ou responsáveis sendo passado para eles. Alguns chegam até a demonizar as manifestações espirituais da criança ou adolescente. Ou seja: demonizam o que não entendem (e muitos não querem entender).

É importante também lembrar que esse dom está presente em diversas religiões; não é exclusividade da Umbanda. E os jovens crescem e sofrem com a falta de entendimento dos pais e amigos, viram até motivo de chacotas, sentem-se isolados e até como se faltasse algo em suas vidas. Muitos sofrem com sonhos, premonições, intuições, visões, déjà vu, vozes na cabeça e não sabem o que fazer.

Explicar é difícil, então acabam se afastando do convívio social pela incompreensão. Outro fato comum é notar que muitas das pessoas com sensibilidade aguçada se dedicam a participar de terapias por um bom tempo, frequentar religiões que demonizam estes dons e outras práticas que não se mostram eficazes.

Então, o que fazer para que as pessoas não tenham medo da mediunidade?

Primeiro é bom lembrar que todas as pessoas têm mediunidade. Não é um dom sobrenatural e sim uma habilidade física ligada à glândula pineal, que se encontra no centro do cérebro. Essa glândula tem a capacidade de captar o sinais muito além deste plano físico que conhecemos, como se fossem ondas magnéticas, convertendo-a em percepções sensoriais.

A forma de mediunidade mais simples, para exemplificar, é a intuição. A diferença é que cada pessoa apresenta estas percepções, pressentimentos, etc., de maneiras diferentes e em graus de intensidades também diversas.

Assim, para diferenciar, podemos considerar médium uma pessoa que manifesta esses fenômenos de forma ostensiva, ou seja, quando as comunicações podem ser interpretadas de forma clara, podendo ser as faculdades de sentir, ver, ouvir, falar, psicografar textos ditados pelos espíritos e, é claro, incorporar nos Terreiros de Umbanda para prestar atendimentos presenciais aos umbandistas.

Quando criança, geralmente essas interações acorrem de forma positiva espontânea. Alguns até acreditam que os bebês que dão risadas sozinhos, fixam o olhar num ponto fixo, para o nada, estão na verdade vendo, sentindo ou interagindo com espíritos amigos de vidas passadas ou mesmo espíritos protetores.

Acredita-se que mesmo parentes desencarnados venham visitar esses bebês ou amigos espirituais que tomam forma infantil para se apresentar naquele momento. Assim, como podemos identificar um amigo invisível sendo uma influência espiritual?

Com base em pesquisas preliminares, ao menos três em cada dez crianças já falaram de um amigo imaginário ou amigo invisível.

Isso é tratado com naturalidade pela Psicologia, o que pode ser um ponto positivo para que os pais e adultos estimulem as crianças, conforme vão crescendo, a dizerem o nome do amigo imaginário, idade, de onde vieram, o que dizem, etc. E tudo isso como algo corriqueiro, pois a criança se sentirá mais segura para falar sobre o assunto quando não sentir que está sendo zombada ou debochada. Muitas crianças deixam de ter estes amigos invisíveis conforme crescem (e isso também é natural). Não devemos forçar nada.

É essencial também que os pais ou responsáveis não suscitem o medo da mediunidade. Muitos nomeiam estas percepções infantis como monstros, bicho-papão, entre outros, deixando-as com medo de ficar só ou medo do escuro, dificuldando assim o seu livre exercício como um ser encarnado com espiritualidade elevada.

Cabe ao adulto o equilíbrio manter o diálogo com a criança e, caso tenha dúvidas ou preocupações, consultar um especialista médico (psicólogo, por exemplo) e/ou buscar auxílio em religiões espiritualistas, como é o caso da Umbanda.

De uma forma de outra, é o conhecimento que fará com que todos fiquem cada vez mais seguros quanto às manifestações mediúnicas. Mas atenção: o caminho da espiritualidade deve ser uma escolha e uma decisão do jovem a partir da adolescência.

Cabe novamente aos pais e responsáveis o acompanhamento deste processo para que essa escolha não atrapalhe o dia a dia, pois alguns jovens podem apresentar mediunidade fora de controle, o que pode prejudicar o seu convívio social moral e emocional. Amor e bom senso, como sempre, são a chave para uma boa convivência.

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