Livre-arbítrio: as entidades podem interferir em nossas escolhas?
Livre-arbítrio é possibilidade de decidir ou escolher em função da própria vontade, isenta de qualquer condicionamento, motivo ou causa determinante. É o que nos diz o dicionário.
Muitos podem discutir que o nosso arbítrio nunca será livre, pois será sempre condicionado pelo local onde nascemos, pela família, pelos valores, pelas experiências de vida e, sendo assim, nunca decidimos algo realmente livres de toda e qualquer influência.
Mas se focarmos na palavra arbítrio teremos melhores condições de entender o que a expressão significa. Arbitrar é escolher, determinar, decidir. Sob este prisma, não importa o quão livres somos e sim que temos o poder de decisão em nossas mãos. Você escolhe ir à praia e não à montanha porque sua família sempre gostou de sol e areia e isso influenciou sua vida. Mas a decisão final será sempre sua. Se decidir se aventurar na montanha, ninguém impedirá.
Passando a questão do livre-arbítrio para o universo da Umbanda, infelizmente ainda encontramos relatos de pessoas que acreditam que as entidades, por exemplo, estão a todo tempo “cobrando” delas certos comportamentos.
Pior do que isso: atribuem a causa de seus problemas à ação espiritual das entidades, dizendo que seus caminhos estão fechados, por exemplo, porque esta ou aquela entidade está interferindo em sua vida.
Doenças, problemas de relacionamento e outros tipos de males e “atrasos na vida” também são relatados e justificados por não terem acendido uma vela, não terem feito corretamente seus banhos espirituais, oferendas e outros rituais recomendados pelas entidades.
Há também aqueles que foram instruídos a desenvolverem a mediunidade de incorporação e que, por motivos pessoais, não o fizeram. Basta um problema na vida para culpar as entidades por “castigarem” por esta “falta”.
Nada mais errado do que isso.
Livre-arbítrio: entidade não é agiota espiritual
Guia espiritual não é cobrador e nem agiota. Você não está devendo nada, a relação não é essa. Os Guias Espirituais de Umbanda são, antes de tudo, mentores e aconselhadores dos filhos e filhas que se dirigem até eles nos Terreiros.
É comum a entidade, durante uma consulta, sugerir que o consulente à sua frente acenda uma vela em casa, faça banhos com ervas, oferendas, visite um campo de força natural (mar, montanha, cachoeira, etc.), mas isso não significa que é uma ordem a ser cumprida. São sugestões para o nosso bem. Cada um tem o seu livre-arbítrio para seguir ou não as instruções recebidas.
E saiba: o livre-arbítrio é uma espécie de lei que todas as entidades de Luz seguem à risca. Elas nos orientam, explicam, ensinam e alertam sobre muitos assuntos, mas nunca irão interferir em nossas escolhas. E, para além disso, nunca irão criar dificuldades para quem deixou de fazer isso ou aquilo que foi recomendado em consulta. Afinal, estamos falando de seres de Luz ou de quiumbas?
Da mesma forma, o desenvolvimento da mediunidade de incorporação na Umbanda é uma decisão pessoal. Ninguém será punido se não o fizer. Nada impedirá o caminho da felicidade e da prosperidade de cada um, embora as entidades busquem mostrar o quão maravilhoso será para quem decidir pelo desenvolvimento tornar-se instrumento da caridade.
Com certeza, estes terão acesso a um caminho de muito aprendizado e crescimento espiritual que, é claro, implicará em estudos, abnegação e muita persistência. Mas a última palavra será sempre do indivíduo e nunca deverá existir pressão das entidades e nem de nós mesmos.
Outro exemplo infeliz vem de médiuns que, embora instruídos a evitarem incorporar fora dos Terreiros, o fazem e depois atribuem às entidades por qualquer desarmonia ou problema que surgiu em seguida. Os Guias Espirituais já alcançaram níveis de evolução e consciência muito maior que os nossos e não precisam “se vingar” de médiuns descuidados.
Por fim, é importante salientar que as entidades não trabalham para ditar nossas vidas a cada pequeno passo que damos no dia a dia. Elas desejam que sejamos pessoas independentes, capazes de andar com as próprias pernas, acertando e errando e, assim, aprendendo.
O livre-arbítrio pode ser interpretado como um grande presente divino para os humanos, mas também como um grande fardo. E para quem julga ser um fardo pode até ser cômodo a ideia e postura de entregar às entidades as decisões da vida.
A Umbanda não pode ser desculpa para quem não quer assumir responsabilidade pela sua própria vida. Nós estamos e devemos sempre decidir sobre os melhores caminhos a cada passo nesta encarnação.
É verdade que os Guias Espirituais ensinam e orientam mas, no final, nós escolheremos. E assim, entre boas e más escolhas, seguiremos aprendendo a ser pessoas melhores. Umbanda não é muleta e sim libertação!
E você? Tem exercitado seu livre-arbítrio com coragem? Conte para nós!