Umbanda do medo: vamos falar sobre isso?
Umbanda do medo?
Desde a antiguidade muitos cristãos foram educados na religião do medo, ou seja, baseado neste sentimento. É medo do inferno, das chamas eternas, das artimanhas do demônio. Assim, quando por uma questão psicológica o medo se apodera de nós, transforma-se em fobia, já advertia Sigmund Freud.
E é importante observar que este é um recurso sempre utilizado por instituições autocráticas que procuram impor seus dogmas a ferro e fogo, pois é um modo a induzir as pessoas a trocarem a liberdade pela segurança (como se fossem coisas excludentes). Aliás, quando se abre mão da liberdade, demite-se da consciência crítica, que fique bem claro.
Ocorre também que, nestes casos estamos nos omitindo perante os desmandos do poder, acovardando-nos em situações extremas por uma suposta proteção superior que nem sempre se realiza (ou se mostra confiável). Para dar um exemplo, foi assim com a igreja católica durante os tempos da Inquisição; foi assim também na ditadura stalinista (Rússia) e durante o regime nazista (Alemanha).
Continuando, podemos dizer que esta cultura de imposição do medo também se faz presente com o sentimento exacerbado de xenofobia dos Estados Unidos, com o terrorismo islâmico e em vários outros segmentos religiosos. E aí chegamos no tema deste texto, a Umbanda do medo, pois assim também é nas religiões espíritas (ditas umbandistas) que dão mais valor a “Eguns” e “Quiumbas” do que a Deus, aos Orixás e aos Guias.
É quase certo que todos nós (ou a maioria) já ouviu falar de religiosos que prometem livrar os consulentes de males através da limpezas de “ebós”, feituras de santos, obrigações para Orixás e trabalhos dos mais diversos, além, é claro, de curas milagrosas e outras panaceias para enganar os incautos (algumas delas até com cobranças).
Por que é bom saber disso tudo?
Ora, como fato histórico, é sempre bom lembrar ou conhecer que, em nome de uma ação missionária, milhões de indígenas foram exterminados na colonização da América Latina. Outro exemplo nesta linha é que, em nome da pureza ariana (europeus de raça pura), o nazismo erigiu campos de extermínio; da mesma forma, em nome do socialismo, Stalin ceifou a vida de 20 milhões de camponeses; em nome da defesa da democracia, o governo dos EUA semeia guerras e, no passado recente, implantou na América Latina sangrentas ditaduras.
Tudo isso para lembrar que, ao passo que convencer fiéis a abdicarem de recursos científicos, como a medicina, e de boa parte da renda familiar para sustentar supostos arautos do divino é explorar os efeitos sem alertar para as causas. Porque, no Brasil, milagre é o povão ter acesso ao serviço de saúde de qualidade. Noutras palavras, haja engodo religioso travestido de milagre!
Mas o que é afinal a Umbanda do medo?
Baseado nos muitos exemplos que citamos até aqui, pode-se dizer que a Umbanda do medo alardeia que só ela é a verdadeira. Portanto, as demais são heréticas, ímpias, idólatras, enfraquecidas, fraudulentas, enganadoras ou demoníacas.
Estes que postulam a tal Umbanda do medo reforçam o fundamentalismo, que considera inimigo todo aquele que não frequenta os seus templos, barracões e terreiros (ou apenas visitam os do vizinho). Alguns chegam ao cúmulo de discriminar os adeptos de outras tradições religiosas e os satanizar como enganados, ofendidos e traídos.
Dessa forma, isso que acontece nos terreiros são cópias maléficas do que ocorre com as religiões. Vestem-se de poderio político e tentam se apoderar sobre os povos, de forma que até o mercado econômico se deixa impregnar de fetiche religioso ao tentar nos convencer de que devemos ter fé em sua “mão invisível” e prestar culto ao dinheiro.
Ou não é verdade que muitos buscam um terreiro (religião) para pedir conforto financeiro (advindo do mercado econômico)? Ou o pior, os terreiros que ameaçam seus “clientes” inadimplentes de que a religião poderá ceifar seus empregos por conta de descumprimentos religiosos. Onde será que a ligação entre esses dois âmbitos se dá, senão no psicológico dominado pela “fobia”?
O que fazer?
Então, como afirmou o Papa Francisco, em Assis, a 5 de junho de 2013:
“Se há crianças que não têm o que comer e uns sem abrigo morrem de frio na rua, não é notícia. Ao contrário, a diminuição de dez pontos na Bolsa de Valores constitui uma tragédia”.
Em suma, uma religião que não pratica a tolerância nem respeita a diversidade religiosa, e se nega a amar quem não reza pelo seu credo, serve para ser lançada ao fogo. Da mesma maneira é um terreiro que não estimula o conhecimento da religião e não estimula sua teogonia e ainda usa a Umbanda do medo para atrair e reter seus seguidores.
Assim, uma religião que não defende os direitos dos pobres e excluídos é, como disse Jesus, mero “sepulcro caiado”. E quando ela enche de belas palavras os ouvidos dos fiéis, enquanto limpa seus bolsos em flagrante estelionato, não passa de um “covil de ladrões”.
Como ser uma Umbanda da paz?
Logo que o critério para se avaliar uma verdadeira religião não é o que ela diz de si mesma. É aquela cujos fiéis se empenham para que “todos tenham vida, e vida em abundância” (João 10:10) e abraçam a justiça como fonte de paz, de tal sorte que, usando esse trecho bíblico, temos que entender que nos terreiros, templos, barracões, temos que plantar e disseminar a paz.
Além disso, temos que nos unir para que além de todos que o frequentam, os visitantes/consulentes possam também levar paz para suas casas, ao invés de serem estimulados ao ódio, discórdia, problemas intrigas que sequer podem ser comprovadas.
Assim, se Deus determinou que devemos manter e ampliar sua Criação e amar ao próximo, como entender que um espaço religioso busca colocar um ser humano contra outro como uma simples rincha de galo?
Por fim, Deus não quer ser servido e amado em livros sagrados, templos, dogmas e preceitos e sim naquele que foi “criado à Sua imagem e semelhança”: o ser humano, em especial aqueles que padecem fome, sede, doença, abandono, carência e opressão.
A Umbanda do medo pode ser tudo. Menos Umbanda.
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