Afro-brasileira ou apenas brasileira?

De fato, este é um dos questionamentos ainda muito presente entre adeptos da Umbanda e Candomblé. Em um outro texto, selecionamos algumas das principais particularidades, que diferem cada uma dessas religiões.
Dessa forma, destacamos em qual ponto elas convergem e outros, em que se distanciam.

Umbanda vista de fora

As políticas públicas que garantem os direitos dos adeptos da Umbanda se encaixam nas leis que protegem as religiões afro-brasileiras.
Neste sentido, há um conflito entre a concepção da Umbanda como uma religião brasileira.
Nesta categoria “brasileira” podemos citar também o Daime – origem Amazônica -, o Catimbó, Tradição de Jurema – de origem nordestina – e que é também o encontro da mística portuguesa com o índio, dentre outras manifestações, conforme sua classificação por sociólogos, estudiosos e até mesmo pelo Censo demográfico como uma religião afro-brasileira.

Umbanda: afro-brasileira ou genuinamente brasileira? 2

Por que brasileira?

A Umbanda é “por excelência a mais brasileira de todas as religiões”.
E dizendo isso queremos expressar que a Umbanda manifesta brasilidade não só em sua formação.
É o resultado do encontro da religião do europeu, do índio e do africano.
Mas também pela representatividade que carrega até em sua manifestação mediúnica. Um exemplo disso, é a Linha dos Baianos.
Espíritos que se manifestam sob o arquétipo da figura do povo baiano.

A Linha que surge tempos após o aparecimento ou a popularização da religião (meados da década de  1950 e 60).
Expressa muito do Brasil festivo e da forma peculiar que o brasileiro tem de lidar com os problemas cotidianos.
O trabalho com os Baianos traz muito da sabedoria em forma de alegria.
Da superação das desigualdades.
Observamos neles a essência do “povo brasileiro”, que ao se manifestar no Terreiro munido dessa personalização, saúda uma das nossas regionalizações.

Reconhecimento da Umbanda como uma religião brasileira

O livro Das Macumbas à Umbanda aponta esse momento de “transição” do reconhecimento da Umbanda pelos intelectuais como uma religião genuinamente brasileira.
A página 104 da obra de J. H. Motta de Oliveira ressalta a seguinte percepção “O umbandista José Álvares Pessoa alega que a Umbanda seria uma religião genuinamente brasileira, porque reúne as contribuições das três raças que conformam o povo brasileiro”.
Motta de Oliveira também levanta a questão de que a religião surge espontaneamente em cada grupo que praticava a Umbanda (por mais simples que fossem).