Trabalhar na Quaresma: o que devem fazer os Templos de Umbanda?
Trabalhar na Quaresma: afinal, o que devem fazer os templos de Umbanda?
A Umbanda e o Candomblé tem tudo a ver com o período colonial brasileiro, com a época que, para a vergonha de todos nós, o poder branco europeu instituiu a escravidão dos negros.
Dizia-se que era a forma de fazer com que os negros e suas crenças nos Orixás africanos se tornassem bons cristãos para salvarem suas almas.
Foi esse pensamento hipócrita que fracassou nas tentativas de se escravizar os índios brasileiros.
Então a Igreja Católica Apostólica Romana, atendendo às solicitações do Bispo espanhol Dom Bartolomeu de Las Casas, conseguiu do Papa a autorização para que se importassem da África os negros escravos.
Alegavam que a Igreja de Cristo não permitia que se fizesse escravo um homem livre. Mas nada tinha a opor que se utilizasse (ou que se comprasse, como se fosse qualquer mercadoria), um homem que já era escravo.
Desta forma, contrariando o verdadeiro ensinamento de Cristo, a igreja importou milhões de negros em quatro séculos que durou a escravidão.
Depois, o Papa pediu perdão e ficou tudo por isso mesmo…
Ironias e hipocrisias à parte, as cortes europeias, com o apoio dos padres, tiveram 400 anos de imposição. Impuseram aos negros, mestiços e mesmo aos brancos desafortunados seus valores e sua religião.
Obrigados a se tornarem cristãos, os negros eram obrigados a renegar suas crenças eram obrigados a tomarem nomes cristãos e a cumprir todo o ritual cristão para não serem punidos pelos senhores brancos.
Quatrocentos anos de escravidão tornaram o Brasil um país de mestiços.
50% ou mais da nossa população é de origem africana.
E mesmo mantendo por todo esse tempo sua verdadeira crença nos Orixás, foi preciso esconder suas práticas religiosas.
Nosso calendário litúrgico é cristão.
São Jorge passou a ser Ogum;
Nossa Senhora virou Iemanjá, Oxum e assim por diante.
Sempre foi necessário ocultar dos brancos suas verdadeiras crenças, pois sabiam que se um dia conseguissem se libertar, só seriam aceitos de volta em sua terra se mantivessem seu próprio idioma, suas crenças, seus hábitos e costumes.
Como parte dessa cultura religiosa IMPOSTA, ficou para nós o já elaborado calendário cristão.
E, como ponto alto desse mesmo calendário, está a prática medieval de se observarem os 40 dias de resguardo da Quaresma que antecedem a Sexta-Feira Santa e a Páscoa.
Como começou essa história de não trabalhar na Quaresma
A princípio a Igreja se mantinha de luto por 40 dias, começando na Quarta-Feira de Cinzas. Os altares e as capelas menores eram cobertos com panos roxos (Nana?). Toda atividade artística alegre cessava e, os Terreiros que funcionavam escondidos. Eles temiam represálias por serem descobertos e cessavam suas atividades.
Apesar disso, considerando que as atividades com os chamados Guias de Luz e com os Orixás estavam paradas, valem-se disso os que trabalham nas sombras, os espíritos dos malignos, que aproveitam-se de estarem desprevenidos os homens bons para promoverem o mal.
A tradição de se fechar os Templos de Umbanda quando não havia liberdade de crença não tem razão de ser no mundo atual.
Muito ao contrário, é nessa época que NÃO DEVEMOS PARAR de trabalhar na Quaresma!
É nessa época em que a Quimbanda maligna trabalha à vontade.
Na verdade, era justo nesta época que os Templos deviam estar preparados.
Com o auxílio das Entidades de Luz, denunciariam qualquer trabalho negativo que atrapalhe seus Filhos de Fé.
Atualmente, interromper os trabalhos do Templo na Quaresma é descabido, é ingenuidade. É desconhecer que os inimigos trabalham nas trevas e que, se não temos o Preto Velho, o Caboclo ou qualquer entidade, estaremos desprotegidos.
É preciso URGENTEMENTE esclarecer que a Quaresma não é Afro: é hebraico-europeia.
E que já não é preciso se esconder de ninguém, pois nossa Constituição nos assegura o direito à liberdade de crença. E os padres já não podem mais nos queimar nas fogueiras da inquisição.