“No Brasil, a gente manipula a cor. Há quem diga que isso é um racismo fluído. Eu discordo.”
Racismo fluído, democracia racial, espetáculo das raças. Com certeza você já ouviu algum destes termos (e muitos outros similares).
Todo ano é a mesma coisa. Chega o dia da consciência negra e de repente o tema ganha importância. Isso mesmo. O tema.
É assim que a imprensa brasileira trata o assunto: um tema a mais para ocupar os noticiários. Mas em 2020 as coisas tem sido diferentes.
O Umbanda Eu Curto é um portal de conhecimentos religiosos, um portal de Umbanda. Mas é inegável a herança cultural negra em nossa religião (embora existam Terreiros por aí que parecem querer livrar-se de qualquer influência negra).
Não cabe a nós publicar aqui tratados sobre racismo, racismo fluído no Brasil, preconceito racial, etc.
Cabe sim reafirmar que o assunto é mais do que um tema cuja atenção seja relegada a um dia de protestos e comemorações. A questão é gigante. Nos define como país. Está em tudo, a todo momento. Só não vê quem não quer.
Para pôr luz nisso tudo, Lilia Moritz Schwarcz, historiadora e antropóloga da Universidade de São Paulo (USP) é autoridade no Brasil.
Em todos os seus livros e pesquisas trata sobre os conceitos de raça, cor e preconceito, ora direta ou indiretamente.
O título desta matéria, inclusive, é aspas dela.
Na entrevista concedida ao portal Sul21, em passagem por Porto Alegre, a professora Lilia diz muito.
Diz, inclusive, coisas que você dificilmente lerá ou verá no dia 20 de novembro, como:
“Quando a gente pedia para descrever o grau de preconceito, nós não pedíamos nomes, mas as pessoas queriam dar. Era sempre, ‘meu melhor amigo’, ‘minha mãe’, ‘minha avó’, ‘meu tio’. A gente brincava que todo brasileiro se sente uma ilha de democracia racial, cercado de racistas por todos os lados.”
“Eu estudo um autor, o Lima Barreto, que justamente era uma voz isolada, que acusava a invisibilidade dos negros. Eu dei uma palestra na PUC-RS, com quatro textos dele, brincando que o “negro não existe no Brasil”, porque basta não querer olhá-lo.”
“No Brasil, a gente manipula a cor. Há quem diga que isso é um racismo fluído. Eu discordo.”
Racismo fluído ou não, recomendamos que leia a entrevista CLICANDO AQUI. É imperdível.
Foto (Lilia Schwarcz): Amanda Perobelli/Estadão (Reprodução)