Paciência é verbo ativo: não é sinônimo de se conformar
Paciência é verbo ativo. Parece contraditório, mas não é.
Dos males modernos, talvez o mais aparente e preocupante seja a depressão.
Há muito tempo ela já deixou de ser tratada como fraqueza ou frescura: é doença e requer atenção.
Um dos combustíveis mais eficazes da depressão, embora nem todos pensem desta forma, é a ansiedade.
A ansiedade é a raiz de grande parte dos problemas emocionais e comportamentais do nosso tempo.
É ela que cria em nossas mentes situações hipotéticas, às vezes até impossíveis, mas que seguimos acreditando, gerando uma pressão emocional cada vez maior.
A própria vida nas grandes e médias cidades é causadora de ansiedade.
Será que vou passar no vestibular?
Será que vou conseguir emprego?
Será que consigo comprar aquele carro?
E, acreditem, coisas como “será que vou conseguir chegar no meu compromisso no horário?”
Ou: “será que vou encontrar uma vaga para estacionar?”
Por incrível que pareça, estas preocupações também colaboram com o aumento da nossa ansiedade, por mais corriqueiras que possam parecer.
Ansiedade leva à depressão. Estranho, não? Não é não.
Com tantas expectativas no futuro, com tantos desejos a serem realizados, pressões sociais e individuais de todos os lados, acabam surgindo efeitos colaterais: doenças físicas (úlcera, pressão alta, etc.) e comportamentais (onde a depressão é a mais grave).
Com tanto a fazer, muitos se veem incapazes, inaptos, perdidos, sem saber por onde começar.
É o momento máximo da decepção consigo mesmo, quando se percebe que não dá para fazer tudo e conquistar tudo o que nossas cabeças pensaram.
Há solução? Há sim, e ela já está dentro de nós. Exercitar a paciência.
Óbvio, mas como fazer isso?
Como ser paciente sem ficar com a sensação de que não estou fazendo nada?
Na Umbanda, um dos primeiros ensinamentos da Orixá Nanã é a maleabilidade (embora muitos a associem à paciência).
Ela desfaz o que está paralisado, preparando-nos para o movimento. Quando estacionamos num padrão vibratório negativo, ficamos impermeáveis às sugestões do Bem.
Neste caso, orar para Nanã pode nos tornar mais flexíveis, cientes de que a vida não é assim e ponto final.
Ela está assim, mas pode mudar se você compreender o processo.
Outra característica de Nanã é a decantação.
Ela age sobre vícios, desequilíbrios e negativismos, fazendo uma espécie de filtragem dessas energias desequilibradas.
Equilibrados, teremos mais facilidade para ponderar cada situação, sem atropelos.
Pense num lago. Um lago tem a superfície calma, tudo parece estar parado.
Porém, quando você atira nele qualquer coisa, verá que ele puxará para o fundo e decantará silenciosamente.
Ele só aparenta estar parado, mas está vivo, presente, à espera do momento certo para agir.
É assim também conosco: devemos sonhar, planejar, trabalhar e confiar no processo.
Se tudo foi feito da maneira correta, o momento da colheita chegará (e é preciso estar alerta, preparado par o próximo passo!)
Assim é a energia de Nanã, a mais velha das Mães das Águas.
Ao decantar nossas emoções e sentimentos também pode nos curar, já que muitas doenças têm forte cunho emocional como a inquietação, impaciência, ansiedade, entre outras.
Decantando nossos vícios e desequilíbrios emocionais e mentais, Nanã nos acalma e nos transforma.
Transformados interiormente, entramos no caminho da cura.
Em outras palavras: evoluímos.