O banco do Velho: uma história

O banco do Velho é um texto de Lívio Barbosa, médium nacionalmente conhecido por suas pictografias.

Aqui ele nos conta uma experiência marcante com o Preto Velho.

Em seu banquinho, o Preto Velho ouvia as reclamações dos que iam em busca de um alento.

Segurando seu cachimbo e um galho de Guiné, atendia a todos com respeito e consideração! Muitos corriam em busca de seus conselhos amorosos e cheios de compaixão.

Ao término de cada reunião, o médium desabafava:

Não esta comigo todos os dias! Não atenta para as minhas necessidades?
Tenho um pai deficiente que exige de mim o máximo que posso dar. Tenho dois filhos de mães diferentes que parecem se odiarem.

Estou sendo perseguido no meu emprego. Perdi minha vontade de querer crescer, conquistar as coisas… Tudo que faço não dá certo não vai adiante!

Sofro com as calúnias e com as mentiras que meus inimigos vivem inventando, desejosos que são em me jogar na lama. Preciso também de consolo e de ajuda, será que ele me esqueceu?

– Ele sabe o que é o melhor para você!

Refeito de suas impressões, o médium retornou ao velho lar.
Ao deitar-se, sentiu que saia do corpo e ia em direção a um pequeno casebre.

Lá chegando, reparou que a casa estava vazia e só existia um banco e que o mesmo à sua frente possuía o seu nome gravado!

Ficou feliz e, levantando os olhos, fitou um velho que acabava de fazer um café fresquinho.

Nesse meio tempo, viu na fisionomia do velho aquele sorriso que sentia em seu rosto sempre que o velhinho incorporava as suas faculdades mediúnicas.

_ Mizu fio, demorou! Velho tava à sua espera…

Então o médium sorriu e disse logo em seguida:

O Preto Velho colocou um toco no chão, bem onde costumava sentar na casinha em que se abrigava na outra dimensão. Em seguida falou com muita simplicidade e sabedoria:

Suncê que não consegue enxergar o Velho por que está tão acostumado a só cultivar pensamentos de pessimismo que não consegue ter confiança no amanhã! Para de reclamar mizu fio!

Aprenda com o Velho a esquecer um pouco das suas provas e lembrar que sempre haverá alguém mais infeliz e mais injustiçado que suncê!

Quando suncê se cansar de lutar e precisar de um repouso para suas pernas, leva esse banco do Velho onde suncê for e faça uso dele.

– Mas meu Velho esse banco é de ouro!
– Mizu fio, olha o nome desse banco do Velho e soletra para mim…

Então o médium do Preto Velho levantou o banco do Velho e viu que no fundo dele estava escrito:

PACIÊNCIA.

E finalizou:

– Quando tudo acabar parecendo mal, lembra o banco do Velho, do banco da paciência e saiba esperar que tudo no final se resolve para o nosso bem.

O médium acordou do sonho que tivera e nunca mais esqueceu a bendita lição!

Texto inspirado por Pai Guiné

Imagem: Pictografia de Lívio Barbosa/Reprodução

Tags:
>
-