Nomes de Guias espirituais através dos sincretismos

Nomes de Guias de trabalho, no estudo das linhas na Umbanda Sagrada, admite-se que existiriam Guias aos quais teriam nomes simbólicos identificadores, como Caboclos e Exus, e Guias que deteriam nomes simbólicos ocultadores, como Pretos Velhos e Crianças.

Só se seria possível conhecer a vibração manifesta por um Guia de nome ocultador caso este apresentasse algum elemento que simbolizasse algum Orixá.

Assim, Vovó Ana da Cachoeira seria relacionada a Mãe Oxum.

Aninha das Matas traria a vibração de Pai Oxóssi.

Pai João das Pedreiras de Pai Xangô.

Zezinho da Estrada de Pai Ogum, e assim por diante.

Como Teologia de Umbanda é hoje uma disciplina fundamentada no fazer científico, a proposta que trazemos é de que alguns nomes de Guias considerados ocultadores poderiam ser tratados como reveladores, já que revelariam o nome de um santo ao qual é sincretizado com um certo Orixá.

Erê Clarinha então manifestaria um nome de uma Santa Clara.

Santa Clara é sincretizada com Logunan (Oyá Tempo).

Vovó Ana traz o nome de uma santa, Santa Ana, que é sincretizada com Nanã, e assim por diante.

Seria possível inferir que, se Erê Clarinha traz o nome de Santa Clara que é sincretizada com Logunan, Erê Clarinha teria certo grau da vibração de Logunan; logo, seria uma Erê que trabalharia próximo ao trono feminino da fé e suas atribuições.

Assim poderíamos pensar para uma série de nomes de Guias simbólicos que são também nomes de santos católicos.

Se este santo apresentar sincretismo com um Orixá, isso não é a toa.

Como entendemos que tudo na espiritualidade é organizado, coerente e fundamentado, os nomes de Guias considerados ocultadores não seriam dispostos aleatoriamente.

Assim como um campo de força na natureza ou uma cor são símbolos de um Orixá, um santo sincretizado também pode ser um símbolo de um Orixá.

Deste modo, poderia revelar, no caso do nome de um Guia Espiritual, um pouco da vibração com a qual este atua.

Abaixo segue uma relação de alguns nomes simbólicos comuns na Umbanda, santos correspondentes e as vibrações trazidas por estes. A mesma relação pode ser feita para outros nomes simbólicos não elencados nesta lista.

Nome SimbólicoSanto CorrespondenteVibração
Vó Clara / Erê ClarinhaSanta ClaraLogunan
Vó Maria / MariazinhaSanta Maria (em suas diversas faces)Oxum e Iemanjá*
Vovó Joana / JoaninhaSanta Joana D’arcObá
Pai José / ZezinhoSão JoséXangô
Pai João / JoãozinhoSão João BaptistaXangô
Vovó Ana / AninhaSant’AnaNanã
Vô Bento / Vó Benta / Bentinho / BentinhaSão BentoOmulu

* As santas sincretizadas com Oxum, (Nossa Senhora da Aparecida), e Iemanjá, (Nossa Senhora dos Navegantes, das Candeias, da Luz e da Glória) são ambas “Nossas Senhoras”, ou seja, faces diferentes de Maria, mãe de Jesus. Assim, para os Guias com nomes de “Maria”, uma regência mais secundária em Oxalá, caso admitia, também estaria correta.

Daí vem o fundamento para notarmos, por exemplo, como as Erês Mariazinhas são amorosas e muito meigas. Elas o são não apenas por serem Erês e os Erês serem regidos pelo trono do amor, mas assim o são também por terem ligação com Mamãe Oxum, que é o próprio amor em si.

Como produtores da Teologia de Umbanda, precisamos entender que muitos conhecimentos/ideias/suposições são nos passados via espiritualidade, na forma de revelações, como se constituiu muito da base teórica da Umbanda Sagrada e de outras vertentes também.

Já outros conhecimentos precisam surgir de nossas observações atentas ao que se manifesta nas casas de axé com relação aos nomes de Guias.

Ambas as formas de conhecer, aprender e fazer teologia são válidas e se entrecruzam, daí surgindo a teoria que fundamenta o ritual, a base que fundamenta o sagrado, o pouco revelado que sustenta o mistério do muito a surgir e muito a se descobrir..

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