Incorporação não é possessão na religião de Umbanda
Incorporação, no dicionário, significa “ação ou efeito de incorporar. Acrescentar alguma coisa nova a certo indivíduo, conjunto, etc”.
Também significa “servir de objeto para acoplamento de outro.”
Se formos procurar a palavra possessão, encontraremos:
“Circunstância em que alguém está possuído por algo sobre-humano, por uma paixão, por um tormento, por uma obsessão, etc.”
Talvez por esta semelhança cultural do nosso próprio vocabulário estas duas ações são frequentemente confundidas.
Na Umbanda, a incorporação é o ato em que o médium recebe os seus Guias (Marinheiros, Ciganos, Baianos, Pretos Velhos, Boiadeiros, Caboclos, Exus, etc.) ou Orixás (Ogum, Oxum, Iansã, Xango, Oxóssi, Iemanjá, Nanã, etc.) para realização da Gira, de passes e outros trabalhos que podem ou não envolver descarrego de espíritos obsessões e, por tanto, possessões.
Diferente do que se assiste na TV, em especial em programas sensacionalistas que criticam a Umbanda pelo uso de incorporação e culto aos Orixás (que são forças da natureza ligadas a Deus), nem toda incorporação é possessão.
Espíritos zombeteiros e desertores do plano espiritual não são Exu!
A incorporação é um ato puro concebido por Deus para prestação da caridade.
Quando dizemos que uma pessoa está carregada pode-se dizer que está má acompanhada de maus espíritos e que será necessário fazer uma prece, um transporte, o encaminhamento desta alma e semelhante.
Mas não é cabível a generalização de que todo espírito de luz em terra é obsessor.
Há igrejas em que os filhos são tomados pelo poder do divino espírito santo e falam em outras línguas (a então chamada “linha dos anjos”).
Pergunto-lhes: qual é a diferença de você ser tomado por uma força interior e não controlar sua boca para falar a língua dos anjos e a mesma vontade e incontrolabilidade para falar a língua de um Caboclo ou de um Baiano?
E mais: o discurso e objetivo em terra dos Guias de Umbanda é ajudar uma pessoa com uma palavra amiga, com o renovo de sua fé em Deus, com orientações, etc.
Me parece muito confortável desdenhar as religiões alheias para que fiquem em um determinado lugar, pois sua permanência representa levantamento financeiro de instituições religiosas.
Vivemos em um país democrata em termos de religião e o próprio Deus permite a existência desta pluralidade uma vez que estejam interligadas a ele, a seus ensinamentos, etc.
Muitos líderes religiosos (e não resumo aqui apenas a uma ou outra religião, mas de forma geral) são dotados de uma ótima oratória e influenciam fiéis e multidões a ponto de se tornarem fanáticos e intolerantes.
Tanto se criticou a Umbanda pela prática de descarrego que hoje ela é feita dentro de outras igrejas.
Até ganhou um espaço na mídia e na TV na tentativa de dizer aos fiéis algo do tipo:
“Se for pelo descarrega não vá lá; aqui a gente faz, por que só aqui é o certo”.
Não esqueçamos que muito antes da igreja fazer descarrego, dos padres fazerem exorcismo, as religiões afros que vieram ao Brasil através dos navios negreiros já dominavam e respeitavam esta prática.
É no mínimo hipocrisia dizer que a inventaram neste século e desdenhar a religião que primeiro se deu ao respeito de usar incorporação em prol do ser humano.
Convido-os a visitarem Terreiros de Umbanda para conhecer de perto e tirarem suas próprias conclusões sobre incorporação.
Toda religião tem o seu bom e o mau dirigente cujas atitudes envergonham o nome de Deus e da religião.
Não vamos mentir aos leitores que o Brasil está cheio de “marmoteiros” – chamados espíritas que fazem um monte de coisa sem fundamento para sugar dinheiro de gente inocente, mas não é diferente ou exclusividade da Umbanda, pois muito já se viu na mídia de pastores, padres e outros líderes espirituais envolvidos em propina, pedofilia e desvio de verbas de igrejas.
Vá com sua cabeça!
Vá com seu olhar crítico!
Você também é a imagem e semelhança de Cristo.
Você tem autoridade e poder!
Visite um Terreiro, submeta-se a um passe e veja se o Guia que está ali é o que a mídia sensacionalista prega ou vende.
Ou se ele faz um trabalho com base no amor e na caridade.
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