Censo IBGE: triplica o número de umbandistas no Brasil
O Censo IBGE 2022 vem divulgando resultados sobre os mais variados aspectos da nossa população nos últimos dois anos. No início de junho de 2025 foi a vez de conferir como anda a religiosidade dos brasileiros e brasileiras.
De maneira geral, a imprensa deu grande destaque à diminuição do número de católicos (56,7%) e ao crescimento dos evangélicos (26,9%). Outra importante constatação é a de que a redução dos católicos parece perder força, assim como o crescimento dos evangélicos. Noutras palavras, as maiores religiões do Brasil tendem à estabilização.
Por outro lado, o Censo IBGE 2022 mostra um grande crescimento dos “sem religião” e também das religiões de matriz afrodescendente. Em todos os casos, a comparação se dá com o Censo IBGE 2010, imediatamente anterior à pesquisa atual. Naquela ocasião, há 15 anos, apenas 0,3% da população brasileira se declarava umbandista ou candomblecista (cerca de 600 mil pessoas). Hoje, somados, somos 1% da população (algo em torno de 2,1 milhões de pessoas). Mais do que o triplo.
O Umbanda Eu Curto nasceu em 2011, justamente no início deste processo de crescimento, muito impulsionado pela expansão e consolidação das redes sociais, que ajudaram a espalhar o conhecimento de Umbanda por todo o país. Todos sabemos que o número de umbandistas e candomblecistas é muito maior do que o Censo IBGE demonstra, mas entendemos que o receio de se autodeclarar a um recenseador estranho ainda é grande.

Outro aspecto a ser considerado é a própria postura do brasileiro perante as diferentes religiosidades brasileiras. Não é difícil encontrar católicos, espíritas e até pessoas que se declaram sem religião frequentando terreiros vez ou outra. E como a frequência é esporádica, acaba não fortalecendo a ideia de pertencimento à Umbanda ao ponto de responder com firmeza ao recenseador.
Ao longo dos anos, o Umbanda Eu Curto sempre se engajou em campanhas esporádicas com o intuito de estimular os consulentes para se autodeclararem como umbandistas de fato. Sabemos que os resultados nunca serão os que se almeja, mas acreditamos que o Censo IBGE 2022 é um marco. Cada vez mais pessoas deixam de frequentar os terreiros de Umbanda apenas em busca de um “pronto-socorro da fé”. Observamos não apenas o crescimento do número de terreiros como também o surgimento de mais e mais casas religiosas de diferentes tamanhos.
Outro aspecto importante para o crescimento da Umbanda é a disseminação da informação e do conhecimento acerca da religião. A tradição oral e familiar segue sendo de grande valia, mas hoje também vemos surgir terreiros dirigidos por irmãs e irmãos mais conscientes de que a informação, o estudo (presencial e online) e a boa convivência dentro e fora das giras públicas são essenciais para a manutenção do trabalho religioso.
E esta talvez seja a combinação que fará da Umbanda uma religião cada vez mais presente nos lares brasileiros: informação, conhecimento, estudos e ações comunitárias nos terreiros e a partir deles. O senso de pertencimento se fortalecerá para que mais e mais pessoas não tenham receio de bater no peito e dizer: sou umbandista sim e com muito orgulho!

O que diz o Censo IBGE 2025, nas palavras de seus representantes?
“Em 150 anos de recenseamento de religião, muita coisa mudou no país e na sociedade como um todo”, comenta a analista responsável pelo tema, Maria Goreth Santos, referindo-se ao primeiro Censo. “Em 1872, o recenseador deveria assinalar cada pessoa como ‘cathólico’ ou ‘acathólico’, conforme grafia da época; não havia outra opção de religiosidade”, explica. “Além disso, a população escravizada era toda contada como católica, seguindo a declaração do senhor da casa”.
Hoje a própria pesquisa, da maneira que é formulada, abarca muitas opções, embora nem todos tenham respondido o questionário completo. A maior proporção dos que se declararam espíritas está na Região Sudeste, com 2,7%; para umbandistas e candomblecistas, nas regiões Sul (1,6%) e Sudeste (1,4%). Os que se declararam sem religião estão mais presentes na Região Sudeste, com 10,5 %, onde também é mais alta a proporção de outras religiosidades (4,9%).
A maior proporção de espíritas foi encontrada no Rio de Janeiro (3,5%), enquanto a maior proporção de praticantes de Umbanda e Candomblé foi registrada no Rio Grande do Sul (3,2%) – ambas as posições já haviam sido registradas em 2010. Roraima registrou a maior proporção de pessoas sem religião (16,9%), de outras religiosidades (7,8%) e de adeptos de tradições indígenas (1,7%).
Já na distribuição de cada grupo religioso por cor ou raça, verificou-se que o grupo espírita era composto em sua maioria por pessoas brancas (63,8%) e pardas (26,3%). Entre os umbandistas e candomblecistas, os maiores percentuais eram de brancos (42,7%) e pardos (26,3%). Entre a população de tradições indígenas, 74,5% eram de pessoas de cor ou raça indígena. Entre os sem religião, os maiores percentuais estavam entre pardos (45,1%) e brancos (39,2%).
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