O que é o Ori na visão umbandista?

Ori, a própria divindade do ser!

Em algumas vertentes do Candomblé acredita-se que todo ser humano tem um Orixá pessoal em sua cabeça, o Orixá dominante que não incorpora.

Segundo a mitologia iorubana, a cabeça de cada um de nós é vista como a parte mais importante do corpo humano devido às capacidades de criar, realizar, perceber, compreender e sobreviver até mesmo à morte (fato que explica a permanência consciencial mesmo após o desencarne). Então, a cabeça torna-se divina, considerada um elemento fundamental dos cultos nos quais se reconhece o Ori como um de seus deuses do panteão africano.

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Imagem ilustrativa do Ori – Fonte: internet

Ori na Umbanda: o que seria?

Na visão umbandista, acredita-se que somos seres dotados de uma centelha de vida gerada por Deus (Olorum, Zambi) e imantada energeticamente de nosso Orixá ancestral, centelha divina individual, o que somos em realidade e pureza, ou seja: somos centelha de Deus em nossa geração desde de o primeiro plano da Criação.

Realmente o Ori é o Orixá pessoal do ser, pois é a própria centelha divina, fagulha de Deus que nos anima; é a pura essência de Deus dentro de nós, em nossa consciência que nos expande sendo assim o próprio espírito.

Podemos dizer que Ori é a divindade individual, representante de uma individualidade interna de cada ser, sendo, portanto, o sopro divino agindo de forma a tornar cada ser como único, como Orixá que não provoca o transe, pois ele é o seu próprio espírito ancestral, a força que existe dentre toda a existência do ser.

Vale ressaltar que, conforme a teologia sagrada de Umbanda, acredita-se que o ser é gerado por Deus e fatorado por seu Orixá ancestral. Assim, percorre um ciclo evolutivo, partindo do princípio de sua centelha divina como um pequeno embrião que se desenvolverá e percorrerá todos os 7 planos sagrados da Criação com o propósito da dominação consciencial plena que está além da compreensão humana.

E lutará contra si próprio nas dimensões espirituais, sempre tentando alcançar o sagrado até atingir um nível evolutivo tão alto que propicie a consciência se tornar um Orixá natural e, conhecendo a si mesmo como centelha anímica de Deus, o ser como Ori, como Orixá.

Muitos confundem com o Orixá ancestral pelo fato do Orixá ancestral permanecer durante toda a existência, durante todas as reencarnações.

Porém, não podemos esquecer que nossa energia pessoal, nossa centelha divina conhecida como Ori está conosco desde o princípio de nossa Criação, desde o primeiro plano da Criação de Olorum, percorrendo todos os outros planos em nossa evolução.

É nossa própria consciência que permanece durante nossos ciclos reencarnatórios do sexto plano divino. Você leitor é o próprio Ori, a própria divindade em você mesmo, partícula do Todo que está em constante evolução.

Por isso o Orixá Ori não incorpora, pois como você iria incorporar você mesmo?

É também chamado de cabeça, simplesmente pelo fato de que a centelha de Deus está no ponto mais alto do corpo humano. Alguns o confundem com o chakra coronário (sahasrara). Porém, podemos afirmar que Ori está muito além de ser apenas a cabeça humana ou o próprio chakra: é bem mais complexo e está além do que podemos conhecer nesse plano atual.


Texto produzido por Wudyson dos Santos Andrade, médium de Umbanda Sagrada em Manaus – AM.

Referências bibliográficas:

JAGUN, M. Orí a Cabeça Como Divindade 2015 – Editora LITTERIS

AZEVEDO, J. Orixás na Umbanda 2010 – Editora UNIVERSO DOS LIVROS

SARACENI, R. Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada 2019 – MADRAS

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