Umbanda é mais do que ser consulente

Umbanda é mais do que ser consulente (ou assistência, como muitos Terreiros nomeiam). Noutras palavras, é mais do que consultar um oráculo, tal qual se faz quando se busca uma cartomante ou ‘vidente’. A religião de Umbanda vai muito além disso.

É certo que todos sabemos que, em meio ao grande desafio do dia a dia que a nossa existência se tornou nos últimos tempos, o umbandista em geral crê na força e poder dos Guias Espirituais para alívio e aconselhamento sobre quase tudo, do amor aos negócios, da família às questões ligadas à saúde. A crença principal é a de que as entidades incorporadas podem ajudar de alguma forma, seja com um sábio aconselhamento, seja com uma palavra de conforto e confiança.

Mas é preciso entender e propagar a todos que não basta apenas isso. A Umbanda é mais do que ser consulente, ou seja, não existe apenas para nos beneficiar, propiciando a satisfação de nossas vontades individuais e familiares. O que costuma acontecer em muitas localidades é que este pensamento geral (errôneo) de que a Umbanda só serve para interesses egoístas está praticamente cristalizado. E isso faz, por exemplo, com que corramos o risco de ter uma religião cada vez mais superficial, sem grande senso de pertencimento ou comunidade.

Dessa forma, seria uma religião onde as pessoas buscariam apenas desejos específicos, sem pensar na coletividade. E, como dissemos no início, a Umbanda é mais do que ser consulente: é uma experiência coletiva!

A religião é a criação do homem para se conectar mais facilmente ao Criador, gerando um ambiente que possa trazer mais afinidade entre seus praticantes entre seus corpos físicos, emocionais e espirituais. Seguindo este raciocínio, a Umbanda é uma religião que tem em sua essência a evolução espiritual dos seres a partir de ritualísticas públicas gratuitas (as Giras) onde a importância de cada um está justamente ancorada na força que, unida, compõe uma corrente energética do bem.

Assim, podemos dizer que a Umbanda tem o objetivo de que as pessoas possa se tornar cada dia melhores, mais conscientes da espiritualidade, do próximo e de Deus (Olorum).

Por outro lado, é inegável que há problemas pontuais que necessitam de “atendimento espiritual” individualizado e que a Umbanda nunca negará este atendimento aos irmãos e irmãs de fé. Porém, no longo prazo, a Umbanda deve ser capaz de renovar e transformar seus praticantes para que um sentido mais amplo de conexão esteja sempre presente.

Responsabilidade social, moral e espiritual são atributos desejáveis a serem introjetados por todos nós, da mesma forma que a cada ano essa ascendência seja perceptível para si e todos que os cercam.

Em suma: Umbanda é mais do que ser consulente (é o que se deseja).

Para que isso ocorra, a Umbanda representada nesta dimensão pelos Terreiros e seus respectivos dirigentes deve sim continuar os trabalhos habituais e, acima de tudo, deve investir no esclarecimento espiritual através de cursos, palestras, engajamento social, encontros de integração e quaisquer outros que possam complementar a vida litúrgica do membro.

Certamente, é importante que o trabalho momentâneo não seja a única finalidade de se manter um Terreiro, pois o ser humano necessita orientação contínua para buscar a paz interior que só existe naqueles que estão o tempo todo em comunhão com o Bem.

Por fim, busque sempre mais conhecimentos sobre os Guias e Orixás. Discuta, pergunte, assista vídeos, se programe para cursos e palestras. A Umbanda é mais do que ser consulente, mais do que pronto socorro da fé. Assim, a espiritualidade e a Umbanda poderão crescer junto com você!

Fotos: Davi Nunes/Reprodução

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