A maior sincronia possível em todo o mundo
Sincronia é o mesmo que simultâneo, ao mesmo tempo, correto? Sim, mas há muito mais para dizer sobre esta simples palavra.
Há alguns anos fiz parte de um curso de liderança para gestores de pequenas e médias empresas. Todos muito simpáticos e inteligentes, cada um a seu modo. Uma pequena empresária, no entanto, me chamou atenção.
Numa certa atividade, cada um deveria relatar rapidamente o que mais gostava de fazer com o seu tempo livre. Teve de tudo: esportes, música, cinema, TV. Quando chegou a vez da empresária ela disse algo do tipo:
“Adoro deixar minha casa limpa, tudo arrumado e perfumado. E depois, gosto de deitar na minha cama, fechar os olhos e ficar conversando com Deus”.
Em seguida ela explicou a todos que não ficava orando e nem pedindo por saúde, prosperidade, família, nada disso. Ela gostava apenas de deitar e conversar mentalmente com Deus, imaginando que a tudo Ele ouvia. Assim sentia um grande conforto em seu coração. Nunca mais esqueci disso.
Sincronia, então, o que é?
Sincronia, no dicionário, significa “estado ou condição de dois ou mais fenômenos ou fatos que ocorrem simultaneamente, relacionados entre si ou não”. Destaque para as palavras “estado” e “condição”. Na prática, é a ocorrência de duas coisas ao mesmo tempo sem que uma se sobreponha à outra, sem disputa.
Sempre que penso na empresária que conversa com Deus desconfio que ela desenvolveu um jeito próprio e muito eficaz de se conectar com o seu sagrado, sem intermediários, sem pompa e sem mistério. Sempre que penso nessa história lembro e entendo o que é, de verdade, sincronia.
Deus é, para ela, um grande amigo, confidente, bom ouvinte, um “cara” acima de qualquer suspeita. E se ela o imagina um senhor idoso de barba e cabelos brancos, tudo bem. Noutras culturas, Deus se apresenta com outras cores e formas. E tudo bem também!
A Umbanda nasceu e permaneceu por muitos anos sob o signo do sincretismo, que embora o dicionário diga que é uma “fusão de diferentes cultos ou doutrinas religiosas com reinterpretação de seus elementos”, não consigo deixar de pensar que se trata de uma boa conversa entre religiões. Uma não entra em conflito com a outra, pelo contrário: ambas se comunicam e se fortalecem, seja qual for o motivo que levou à coexistência de ambas.
Hoje a Umbanda não precisa mais aproximar Jesus de Oxalá, Santa Bárbara de Iansã ou Nossa Senhora dos Navegantes com Iemanjá, por exemplo. Mas quem segue fazendo isso não está fazendo nada errado. Afinal, onde há uma boa conversa sendo travada, quem somos nós para dizermos algo contrário, não é mesmo?
Que a conexão de cada um com o seu sagrado seja o principal termômetro para uma vida com sentido e propósito. E que a conversa com Deus, com os Santos, Orixás ou Guias seja alegre, contínua e marcante em nossos corações.
O texto acima foi publicado originalmente na revista Kobá em sua 7ª edição.
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