Sexta-feira Santa: o que isso tem a ver com Umbanda?

Sexta-feira santa e Umbanda tem alguma relação?

É muito comum vermos os umbandistas, por exemplo, não comerem carne e se manterem mais reclusos na sexta-feira Santa.

Há muitos também que buscam rituais para “fechamento de corpo” ou algo similar. A crença destes é que eguns e quiumbas, espíritos atrasados e/ou maliciosos, estejam mais próximos de todos, tal qual em todo o período da Quaresma católica.

O fato é que, gostando ou não, a maioria dos Terreiros de Umbanda segue sim o calendário católico. É só olharmos para os dias comemorativos de cada Orixá, que acompanham as datas dos santos católicos sincretizados. E com a Páscoa não é diferente.

Mas antes é preciso entender a questão um pouco melhor.

Afinal, o que significa a sexta-feira santa?

A data serve para relembrar a morte de Jesus Cristo na cruz. Para os católicos, o sacrifício na cruz é uma mostra inequívoca da Paixão de Cristo, que doou sua vida de encarnado em nome do amor a toda a humanidade. A semana santa – e em especial a sexta-feira – celebra a paixão, a morte propriamente de Jesus e sua ressurreição espiritual no domingo de Páscoa.

A ritualística católica contém estes significado ao reproduzir a ceia dos judeus – a Pessach ou Páscoa – simbolizando o momento em que Jesus compartilha o pão e o vinho com seus discípulos. O conceito do ritual é que, a partir dali, todos os que comerem o pão e o vinho compartilhados se lembrarão do Cristo vivo, sua mensagem e seus ensinamentos.

E a quaresma (iniciada pós Carnaval e finda na Páscoa) é, portanto, um período de reflexão para que os fiéis relembrem tudo o que Cristo nos ensinou.

Reclusão, reflexão, sacrifícios e orações são comuns neste período em que os fiéis relembram o amor de Cristo e se penitenciam por seus pecados. Ao final, espera-se que a fé seja renovada.

Sexta-feira Santa pode ser uma “brecha para o Mal”?

Por toda a quaresma ainda há muitos Terreiros que fecham, reabrindo somente após a Páscoa, graças ao sincretismo religioso.

Como a sexta-feira da paixão é quando se recorda a morte de Jesus, há aqueles que acreditam que é um dia em que o Mal poderia estar à espreita, apenas aguardando uma oportunidade para influenciar as pessoas “de pouca fé”.

Segundo Rodrigo Queiroz, sacerdote de Umbanda e fundador do Umbanda EAD, nenhuma destas datas deveria significar algo para os umbandistas. Pelo menos racionalmente.

Mas o sacerdote destaca que em função do imaginário coletivo, na sexta-feira santa cria-se uma egrégora negativa. Segundo ele, nesse momento muitos praticantes de magia negativa “aproveitam” da data para desempenharem seus rituais odiosos.

“Ainda assim a vulnerabilidade de cada indivíduo neste dia é igual a qualquer outro, ou seja, dependendo de como está sua vibração, você fica ou não suscetível a ataques espirituais”, assinala.

Assim, se você não tem peixe em sua casa ou se está em dúvida se pode ou não comer um embutido (porque contém carne animal), saiba que isso não tem relação com a ritualística de Umbanda. É a sua consciência que deve moldar suas ações. Ser ou não correto, fiel e agradecido não tem nada a ver (ao menos na Umbanda) com o que você come ou deixa de comer.

Quer fazer algo? Acenda uma vela branca para Oxalá (sincretizado com Jesus Cristo na Umbanda) e peça para que sua fé seja fortificada e que todos os males sejam então dissipados.

Se muitos fizerem isso neste dia, isso sim formará uma egrégora do bem, capaz de elevar a vibração espiritual coletiva e nos ajudar a atravessar um dos momentos mais difíceis que a humanidade já enfrentou.

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