Roger Cipó: fotografia de Terreiro contra intolerância

Roger Cipó usa a fotografia como ferramenta para lutar contra a intolerância e educar sobre os múltiplos aspectos das religiões de matrizes africanas.

Desde 2013 desenvolve um diálogo a partir do projeto Olhar de um Cipó, de alguém que vivencia o Candomblé e a cultura afro-brasileira.

“Nas fotografias, eu mostro o Terreiro em suas dimensões, o afeto, a relação de amor entre Orixás e seus filhos. O Terreiro é esse quilombo que conseguimos reconstruir e acolher a todos e todas com diferenças e singularidades a partir da fé” – disse Roger Cipó, em entrevista ao site Por dentro da África.

Vivendo há 10 anos dentro do Candomblé, o fotógrafo leva para a profissão a experiência da vida pessoal e lembra a relevância desse espaço na reconstrução da dignidade dos povos negros.

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Fotografia de Róger Cipó

Em 2017, no país com a segunda maior população negra do mundo (a primeira é Nigéria), as manifestações de racismo assustam e revelam o quanto a sociedade brasileira precisa aprender sobre a sua própria história.

Roger Cipó também luta contra a ignorância, mas lembra que é muito difícil mudar a imagem cristalizada de quem está repleto de preconceitos.

Com o seu trabalho, ele quer alcançar, principalmente, quem está aberto a aprender sobre os rituais que compõem essas manifestações religiosas.

A atuação dele foi consagrada com os prêmios Almerinda Farias Gama – para comunicadores negros – e troféu Luiza Bairros, pelo combate à intolerância religiosa por meio da comunicação.
Séries sobre a infância – A fotografia de Roger Cipó ensina, impressiona, toca. Uma das suas séries de beleza ímpar é “Crianças entre Divindades”, onde ele reforça a sua luta contra a discriminação das crianças que crescem nos Terreiros.

Sobre isso, Roger Cipó declarou:

“Essa série é para dizer que o terreiro é um espaço que vai proteger a criança, é para fazer um contraponto com o ambiente escolar, lugar onde mais de se abusa das crianças de Terreiro. Na sala de aula, as crianças enfrentam a brutalidade dos colegas e a arrogância do educador que não está preparado para tratar de forma laica a educação no Brasil”.

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