Local para cultos afro está fechado há um ano
Local para cultos afro são escassos.
Afinal, na Umbanda e no Candomblé, religiões de matriz africana, agosto é o mês consagrado ao Orixá Omolu [e/ou Obaluayê, de acordo com cada vertente de Umbanda].
É (são) Orixá (s) que têm seu (s) pontos de força nos cemitérios.
Pois bem.
De acordo com reportagem do Diário do Grande ABC, o único espaço público do Estado de São Paulo onde os adeptos destas religiões podem fazer suas oferendas está fechado desde setembro de 2017.
Salvo o Ilê de Omolu e Iansã, criado em 1988 no Cemitério Municipal de Diadema, não há notícia de outro local para cultos afro em São Paulo.
Presidente da Fucabrad (Federação de Umbanda e Cultos Afro Brasileiros de Diadema) e dirigente espiritual, Cassio Lopes Ribeiro explicou que as reformas tiveram início em setembro de 2017, após reivindicações.
“Iam trocar os azulejos, fazer pintura e calçamento interno.
Nossa maior preocupação, na verdade, era com a segurança, depois que muitos Pais e Mães de Santo foram assaltados e coagidos no local”, relatou.
“Aumentaram os muros, colocaram cercas com material cortante.
Mas o local seguir fechado, quase um ano após a reforma, não tem explicação”, completou.
De fato, em 2014 a equipe de reportagem mostrou que a Prefeitura pretendia instalar câmeras no cemitério.
Igualmente, à época, a Fucabrad já fazia alertas sobre a falta de segurança no equipamento público.
De acordo com Ribeiro, a previsão inicial era que em 90 dias (início de janeiro de 2018) o local para cultos afro fosse reaberto.
“Participamos de diversos encontros, mas sem avanço.
A responsável pelo projeto saiu de férias.
Aí fizemos nova reunião e o vice-prefeito também não sabia informar o que estava havendo”, pontuou.
“Em todo o Estado, é o único cemitério com espaço adequado para as oferendas.
Assim, em agosto, costumam vir para Diadema Terreiros de diversas cidades.
Com o Ilê fechado, as entregas vão sendo feitas nas ruas, que é justamente o que a gente quer evitar”, explicou.
Da mesma forma, Ribeiro afirmou que a última comunicação por parte da prefeitura foi feita em 1º de agosto.
Conforme ofício enviado pela Coordenadoria de Política de Promoção da Igualdade Racial à federação.
Assim sendo, comunicava que em 24 de julho foi realizada visita ao Ilê.
Além disso, que foi aberto “chamamento público para garantir transparência à entidade que vai administrar o espaço”.
“Como vai escolher uma instituição para administrar o lugar, se é um espaço público?
Decerto, todas as gestões de Diadema, desde 1988, sabem desse espaço, que precisa ser cuidado, ter segurança.
Sabemos que a reforma já está concluída, mas não temos a menor ideia de ainda não ter sido aberta para o Povo do Santo usar.”
“A entrega desse espaço seria positivo para a administração, a comunidade reconheceria o esforço.
Mas esse é um descaso histórico com os adeptos de Umbanda e Candomblé.
Assim, é como se fôssemos menos munícipes que outros”, concluiu Ribeiro.
A Prefeitura de Diadema não respondeu ao jornal quando o local para cultos afro será reaberto nem explicou o atraso.
Com reportagem de Aline Melo publicado em 07/08/2018