Guias e colares na Umbanda: fundamentos
Guias e colares na Umbanda é um tema que requer alguns esclarecimentos.
Observamos que os sacerdotes e fiéis usam esse recurso mágico para se proteger do mundo sobrenatural.
Logo, o uso de guias e colares, braceletes, pulseiras, tiaras (proteção à cabeça ou coroa), etc. tem fundamento mágico.
Assim, devem ser entendidos e aceitos por todos os umbandistas como um dos fundamentos mágicos da nossa religião.
Desde o seu início, fomos instruídos a usá-los pelos nossos Guias espirituais.
Eles os consagram e usam durante os passes magísticos-energéticos dados nos consulentes em dias de trabalho.
Só que a maioria dos umbandistas compra guias e colares, pulseiras, etc. sem saber ao certo seus poderes ou usos.
E vemos muitos médiuns com muitos colares belíssimos no pescoço mas que, se perguntados sobre o porquê de usarem tantos de uma só vez, responderão que seus Guias espirituais lhes pediram.
E, se perguntados sobre os fundamentos de cada um deles?
Infelizmente não saberão dizer quais são, porque isso não é ensinado regularmente na Umbanda e o pouco que sabem foi ensinado por seus Guias espirituais.
A falta de preocupação com os fundamentos está deixando de lado importantes conhecimentos.
E mais: está fazendo com que objetos mágicos sagrados sejam utilizados de forma profana!
E objetos profanos são usados como se fossem sagrados, pois já não há informações correntes e de fácil acesso.
Bem, vamos aos fundamentos ocultos dos mistérios das guias e colares e como consagrá-los corretamente.
Assim podemos nos beneficiar do poder de realização que adquirem quando isso é feito:
1º – Um colar, anel, bracelete, pulseira e tiara ou “coroa” é em si um “círculo”.
2º – Por círculo estável entendam aquele que tem forma imutável (anéis e coroas).
3º – Por círculo maleável entendam aquele que é flexível e movimenta-se, abre-se ou fecha-se segundo os movimentos do seu possuidor.
4º – O círculo é um espaço mágico.
E, porque é um, então pode ser consagrado e usado para uma ou mais funções pelo seu possuidor.
Assim, torna-se em si um espaço mágico ativo e funcional muito prático e fácil de ser usado.
5º– É certo que esse fundamento só era conhecido dos grandes magos da era cristalina e perdeu-se quando ela entrou em colapso.
Restou o conhecimento aberto ou popular de que eram poderosos protetores contra inveja, mau-olhado, fluidos e vibrações negativos, encostos espirituais e magias negativas.
6º – O conhecimento popular perdurou e acompanhou a evolução da humanidade.
Várias fórmulas consagratórias foram desenvolvidas no decorrer dos tempos por magos, inspirados pelos seus mentores espirituais.
7º – Essas fórmulas consagratórias “exteriores” puderam ser ensinadas e perpetuadas, auxiliando a humanidade no decorrer dos tempos.
8º – Mas, lembrem-se disto: são, todas elas, apenas fórmulas consagratórias exteriores cujos fundamentos ocultos não foram revelados.
9º – Assim, porque os fundamentos ocultos não foram revelados, o poder dos guias e colares só tem sido usado como protetores… e nada mais.
10º – A Umbanda, derivada dos cultos religiosos indígenas, afros e europeus, adotou o uso de guias e colares, braceletes, etc.
E isso ainda que seus adeptos nada soubessem sobre os fundamentos mágicos por trás de cada um.
Índios brasileiros, negros africanos, brancos europeus ou mesmo hindus cheios de colares no pescoço, pouco ou nada ensinaram sobre a consagração interna ou esotérica que dariam a esses objetos.
Eles possuem um poder de realização tão grande que não seriam vistos apenas como adereços ou fetichismo e sim com respeito e admiração por quem olhasse para eles ou os visse de relance.
11º – Que alguém, umbandista ou não, diga-nos se algum dia leu ou ouviu de outrem algo sobre os fundamentos ocultos e esotéricos dos guias e colares.
Com certeza só ouviu dizer que são fortes protetores contra isso ou aquilo, e nada mais.
Já os sábios hindus ou os velhos babalaôs sempre disseram e ensinaram seus seguidores que esses adereços consagrados por eles ou segundo suas fórmulas consagratórias tornam-se poderosos talismãs ou patuás que dão proteção contra isso ou aquilo.
12º – Nós (e você) sabemos que nunca lhe ensinaram que aqueles objetos mágicos usados nos seus trabalhos espirituais ou assentados no seu terreiro têm outras finalidades além das de protegê-los ou aos seus trabalhos, certo?
13º – Até os seus Guias espirituais pouco lhes disseram sobre os mistérios de seus objetos mágicos consagrados por eles externamente (“cruzados” por eles é o termo mais adequado), não é mesmo?
14º – Você usa os guias e colares que eles cruzam e sente-se protegido contra maus fluidos, entre outros.
E não dá maior valor que o de simples protetores, pois eles foram cruzados e ativados segundo rituais ou processos externos.
Estes, praticados por Guias espirituais impossibilitados de os fazer segundo o ritual ou processo interno, que só pode ser feito a partir do lado material da vida, por uma pessoa conhecedora desse mistério.
15º – Se isso tudo está sendo revelado agora, um século após a fundação da Umbanda, é para que os umbandistas deixem de procurar em outras religiões ou nos cultos afros aqui estabelecidos os fundamentos sagrados de sua religião.
Todos, sem exceção, só revelam os fundamentos externos abertos por eles e desconhecem os fundamentos sagrados da Umbanda, que não sejam os deles.
16º – Então, como um umbandista irá obter com eles o que desconhecem da Umbanda e só conhecem de suas próprias religiões e de suas práticas mágico-religiosas, que fazem porque funcionam?
17º – Está na hora dos umbandistas e suas práticas começarem a ser copiados pelos adeptos das outras religiões.
18º – Também chegou a hora dos praticantes das outras religiões afros respeitarem o poder mágico da Umbanda.
É hora de pararem de dizer, com a “boca cheia” de orgulho, que a Umbanda não tem fundamentos e que a religião deles é que os têm.
19º – Está na hora de os umbandistas descartarem as fórmulas “secretas”, antiquadas e com fundamentos internos alheios.
20º – A Umbanda é uma religião mágica que tem seus próprios fundamentos.
Não precisa recorrer aos outros, que podem servir para os seus adeptos, mas não servem para os umbandistas.
21º – Chega de buscar fora e com quem não tem nada a ver com a Umbanda.
22º – Chega de umbandistas entregarem suas “coroas” a meros “fazedores de cabeça” que só querem sua escravidão e subserviência.
23º – Está na hora, pois ela chegou, dos umbandistas sentirem mais orgulho.
Está na hora de ter mais confiança em suas práticas mágico-religiosas e de olharem com indiferença ou como estranhas as práticas mágico-religiosas alheias, que tanto não lhes pertencem como lhes são dispensáveis mesmo!
Guias e colares na Umbanda têm fundamento!
Foto: Bruna Prado/Casa de Caridade Caboclo Peri, Rio de Janeiro, 2016