FIO, CÊ É CAVALO! Se eu não desenvolver a mediunidade minha vida vai desandar?
Cavalo é um termo que muitas entidades ainda usam para dizer à pessoa que ela é médium de incorporação.
“Vêm pela dor aqueles que precisam de um sentido na vida”
– Alexandre Cumino
Mas isso é maldição, ser “cavalo”? É carma? É dom?
Assim, Alexandre Cumino explica sobre a mediunidade no livro Médium – Incorporação não é Possessão, dizendo que ela é um dom, uma bênção e algo que o ser conquista ao longo de várias encarnações.
Ufa, já podemos respirar aliviados! Portanto, ter mediunidade NÃO é um problema.
“Ah, mas se ter mediunidade nunca vai significar algo ruim, então porque quando eu fui no Terreiro me disseram que as dores de cabeça, o mal estar e tudo o que eu vinha tendo – de ruim – era porque eu era cavalo?”
A saber, a mediunidade nunca vai ser um problema.
Aliás, o que acontece é a falta de entendimento e preparo para colocar em prática tudo aquilo que é natural do ser. Mas que ainda não foi organizado dentro dele.
Portanto, as manifestações mediúnicas eclodem com muita frequência e, na maioria dos casos, floresce quando a pessoa está passando por um momento conturbado na vida.
Surge como uma “saída” ou um pedido de socorro do corpo espiritual e físico para todas as aflições vividas naquele instante.
“A partir do momento em que existe hora e lugar para extravasar
essa mediunidade, o médium para de sofrer.
Não incorpora mais involuntariamente, fora de hora e com o entendimento do que é dom mediúnico ele começa a entender e interagir com esse universo.”
– Alexandre Cumino em Médium – Incorporação não é Possessão
Portanto, podemos dizer que a mediunidade não é carma, nem maldição.
Ser “cavalo” não é problema! Desenvolver a mediunidade é sim uma busca pelo sentido da vida.
Certamente, é uma manifestação ainda mal compreendida que se apresenta bruta e que precisa ser lapidada. Por isso é normal que no início “venha com toda força” e ainda não possua uma canalização correta.
Assim, é possível que ocorram desarranjos emocionais e físicos à pessoa que acaba de se descobrir médium.
A solução para esses incômodos, diferente do que a maioria das pessoas concebem, não será apenas o desenvolvimento mediúnico.
Mas sim o despertar para a vivência religiosa.
Rodrigo Queiroz fala sobre isso no estudo Mediunidade na Umbanda:
“A mediunidade não pode ser entendida como a troca: eu desenvolvo e paro de ter enxaquecas; eu desenvolvo e paro de ter alucinações, dores e irritabilidade.
Até porque é possível que isso seja em decorrência da mediunidade.
Mas é muito mais possível que você tenha isso por algo emocional e psicológico”.
Ele também coloca em discussão o que significa ser médium:
“Tecnicamente é desenvolver a mecânica da mediunidade.
Mas o que significa pra você, o que transforma em você?”
Levantando esse argumento, o sacerdote também traz para os alunos reflexões de como a religião é a peça principal para uma vida mediúnica saudável.
Mediunidade e Umbanda
É importante entender que a Umbanda não criou a mediunidade e tão pouco serve como uma “academia” de médiuns. A relação com a Umbanda não deve ser apenas para manifestar sua mediunidade.
“Você desenvolve a mediunidade na Umbanda como uma consequência
natural do ser umbandista e de ser alguém religioso.
Eu tenho a religião na minha vida, a minha religiosidade está na Umbanda,
a minha espiritualidade gira em torno da Umbanda”
– Rodrigo Queiroz em Umbanda para Iniciantes
Quando falamos de mediunidade sempre relacionamos – e nem podemos deixar de citar – Allan Kardec. Kardec vai ser o codificador da mediunidade, ou seja: é ele quem estrutura o entendimento do seus formatos e maneiras de se manifestar por meio da investigação científica.
Mas, mesmo realizando esse trabalho de estrutura-la, não é ele quem cria a mediunidade.
Pois, como dissemos ela sempre existiu e o que ocorre a partir do séc. XIX é uma maior popularização desses fenômenos em decorrência da divulgação dos estudos de Kardec.
Com isso posto, consideramos as religiões, rituais, filosofias dentre outros, a forma de organizar essas manifestações, mostrando o caminho para o desenvolvimento mediúnico sadio, acolhimento e vivência religiosa.
A mediunidade não amarra ninguém, não desanda a vida e muito menos castiga quem não quer vive-la.
Ela é uma manifestação de um dos seus sentidos e como bem colocou Rubens Saraceni no livro Fundamentos Doutrinários de Umbanda, “muita gente diz que a mediunidade é uma missão bonita, mas se você não cumprir essa missão será punido.
Mas, se a mediunidade é uma missão bonita, então não pode haver punição para quem não praticá-la”.
Então, nossa dica para quem está aflito com a descoberta da mediunidade é:
Procure um Terreiro honesto, que mantenha o trabalho pautado no bom senso, na conduta civilizada e como Rodrigo Queiroz coloca:
“Busque compreender o que a mediunidade significa pra você, qual o sentido que ela vai aguçar em você”.
Para quem inicia agora e para quem já trabalha há muito nessa seara, nosso Axé fraterno!
Cavalo, médium, incorporante, não importa o termo.
Salve nossos médiuns de Umbanda!
Observação:
A pauta desse texto foi definida a partir dos termos de buscas pesquisados na internet.
Assim, a parte do título “Se eu não desenvolver a mediunidade minha vida vai desandar?” é exatamente a frase que muitos buscam no Google na procura de algo que possa sanar seus questionamentos.
Enfim, pode ser que esse texto não responda a tudo.
Porém, deixamos aqui nosso compromisso em observar com respeito e dedicação a todas as pessoas que procuram por informação, explicação e um norte para o que sente e vivencia no ambiente de Umbanda.
Não só esse, mas outros conteúdos são escritos tendo como base essas pesquisas.