Exu e os dois amigos de amizade verdadeira
Exu e os dois amigos cuja amizade é (era) verdadeira.
Dois amigos se orgulhavam muito de sua amizade e lealdade.
Além disso, eram vizinhos.
Igualmente, viviam bem, mas, apesar de umbandistas, não costumavam fazer oferendas a Exu.
Certa tarde, se encontravam os dois, como de costume, conversando nos limites de sua propriedade.
Então, Exu passou por entre eles, usando um chapéu metade branco e metade vermelho.
Todavia, estranhando aquela figura entre eles, um comentou com outro:
– Muito estranho aquele homem de chapéu vermelho.
– Chapéu vermelho, não. O chapéu era branco.
Assim passaram a discutir a cor do chapéu entrando em briga e inimizade.
Dessa forma, muitas vezes Exu parece ser “o espírito de porco” na mitologia Nagô-Yorubá.
Mas o que não nos damos conta é que ele vem para mexer e cutucar o nosso ego.
Decerto, o fato dos homens não lhe fazerem oferenda diz muito a seu respeito.
Pois quem não oferenda Exu, não oferenda a ninguém, que passa uma ideia de autossuficiência com relação ao sagrado.
Igualmente, Ele nos lembra o tempo todo que vivemos em sociedade e precisamos uns dos outros para um bem viver, já que o ser humano é um ser relacional, que não existe fora da malha dos relacionamentos.
Por isso se diz que “na Umbanda, sem Exu não se faz nada”, o que não se limita a ele apenas.
Pois é Ele que abre a porta de comunicação deste mundo para outro mundo, entre o ayê (a terra) e o orun (o céu).
Assim sendo, quanto aos dois amigos, o orgulho de uma amizade também pode ser elemento da vaidade humana. Ainda mais quando é colocada em xeque no momento em que é questionada a verdade de cada um.
Estar certo ou ter razão segundo o ego de cada um muitas vezes é colocado acima da harmonia do conjunto.
Não precisamos apenas dele e sim precisamos aprender a nos relacionar em sociedade.
E é isso que Ele ensina.
Quanto às lendas, são metáforas e cabe a nós interpretar e compreender o seu simbolismo.
Exu e os dois amigos é uma delas!
[creditos nome=”Prince Photos/Pexels” url=””