Edir Macedo relança livro que ataca religiões afro
Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, está relançando no dia 2 de agosto de 2019 o livro “Orixás, Caboclos e Guias: Deuses ou Demônios?”
Certamente não é uma questão nova.
Posto que, em 2005, este livro foi lançado e, à época, o Ministério Público Federal entrou com uma Ação Civil Pública para suspender sua venda e distribuição.
Então, os argumentos utilizados pelos procuradores da República, Sidney Madruga e Cláudio Gusmão, davam conta de que a obra, além de preconceituosa e discriminatória, “dedica quase que a totalidade de suas páginas a promover ofensas às religiões afro-brasileiras”.
Desse modo, entidades representativas das religiões de matriz africana estão se mobilizando novamente para impedir o relançamento do livro.
Como você pode colaborar
Mas um abaixo-assinado virtual foi criado para coletar assinaturas para impedir o bispo Edir Macedo mais uma vez:
Segundo Hédio Silva Jr., coordenador executivo do Instituto de Defesa dos Diretos das Religiões Afro-Brasileiras – IDAFRO, Edir Macedo está desrespeitando o devido processo legal.
Pois, uma vez que ainda não há decisão final competente ao TRF-1 desde 2015, ainda assim anuncia o relançamento da obra.
Dessa forma, somam-se também ao IDAFRO outras entidades:
CEN (Coletivo de Entidades Negras), a ACBANTU (Associação Nacional Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu) e o CENARAB (Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira).
Igualmente, todos convidam Terreiros, entidades e outros cidadãos a subscreverem esse documento que será protocolado no TRF-1.
Assim, com o maior número de subscritos possível, farão a entrega do requerimento de intervenção para assistência ao Ministério Público Federal.
Objetivo: fazer valer nossos direitos e defender o ponto de vista dos Povos de Terreiros no processo.
Histórico da ação contra Edir Macedo
Em 2005, em virtude do lançamento do livro ‘Orixás, Caboclos e Guias: Deuses ou Demônios?’, o Ministério Público Federal entrou com Ação Civil Pública para suspender a venda da publicação.
Segundo o MPF, trechos da publicação tratam as religiões de origem africana como “seitas demoníacas”.
Da mesma forma, a obra qualifica as religiões afro como “modo pelo qual o demônio age na Terra” ou “canais de atuação dos demônios”.
Nos autos, os procuradores afirmam que o bispo responsabiliza a Umbanda, o Candomblé e a Quimbanda “pela destruição do ser humano”.
Segundo o IDAFRO, a lógica discursiva da IURD apela para o racismo religioso, o medo e desconhecimento das pessoas.
“Além disso, propagam o ódio e intolerância contra as religiões afro-brasileiras”, afirmam.
E completam:
“A narrativa neopentecostal notabiliza-se por discursos homofóbicos e contrários aos direitos sexuais e reprodutivos.
Estes, são veiculados abertamente nos programas religiosos televisivos e radiofônicos como também nos projetos de lei da denominada bancada evangélica.”
Da mesma forma, Hédio Silva Jr. alerta para o fato de que nos últimos meses há um agravamento dos ataques.
“Temos visto pela mídia depredações e ataques a templos religiosos afro-brasileiros no Rio de Janeiro e em outros estados.
Nestes, facínoras armados agem em grupo e torturam psicológica e fisicamente sacerdotes e sacerdotisas.
Aliás, os próprios são coagidos a destruir edificações, símbolos, artefatos e objetos religiosos.”
Próximos passos
O ato de entrega nas mãos do procurador federal do documento com as assinaturas acontecerá até o final do mês de agosto.
Assim, convidamos a você que luta por um Brasil laico, diverso e que respeite a pluralidade religiosa a subscrever esse documento.
A saber, subscrevem esse documento as entidades abaixo relacionadas:
Associação Nacional Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu – ACBANTU
Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira – CENARAB
Coletivo de Entidades Negras – CEN