Casamento umbandista pelas lentes de um fotógrafo evangélico
Casamento umbandista tem se tornado cada vez mais uma cerimônia buscada pelos casais.
Há razões para acreditar? Esta história mostra que sim.
E é uma resposta para quem pratica o ódio “em nome de Deus”.
E ela veio na forma de um belíssimo registro fotográfico de um casamento umbandista.
Recentemente, o fotógrafo Alison Luiz clicou o casamento do casal Jackelline Furuuti e Fabio Fur na Umbanda.
Alison é evangélico, mas não viu problema em fotografar a cerimônia.
Ela foi realizada na Casa Deus – Casa de Desenvolvimento e Estudos da Umbanda, no Jardim Vila Formosa, em São Paulo.
“Quando, aos poucos, vindo do Congá, começamos a ouvir as primeiras notas de batuque dos atabaques que anunciavam o início da cerimônia.
Nesse momento a emoção tomava conta da Sala da Noiva.
Em instantes, um lindo casamento começaria.
Todos ali, como forma de coral, harmoniosos, cantavam louvores para Iemanja (Orixá da Jacke) e Ogum (Orixá do Fabio) de forma muito respeitosa e como se chamassem eles para aquele lugar”, escreveu Alison em seu blog.
Era a primeira vez que Alison fotografava um casamento umbandista.
Um momento de muito aprendizado para quem havia clicado apenas casamentos católicos, evangélicos e ecumênicos.
Na verdade, não só para ele, mas para todos abertos a experiências enriquecedoras.
“Jacke e Fabio, envoltos em um laço de três cores, azul representando Iemanja, vermelho representando Ogum, e branco representando Oxalá, ouviam de Pena Roxa que dava sequência ao rito do cerimonial proferindo em baixo tom palavras de orientação e respeito ao casal, ensinando muito sobre casamento, família e fé.
Em seguida é anunciado então a entrada das alianças, que vinham carregadas delicadamente em segurança dentro de uma concha, sutilmente colocada no centro desabrochado de uma rosa clara nas palmas abertas, envolta de um rosário, das mãos da Vó Chiquinha (Tia Avó de consideração do casal), que a suaves passos vinha à frente, fitada pelos atentos olhares das pessoas ali na nave em pé, as alianças são entregues à Pena Roxa que as entrega aos noivos.”
E Alison continua:
“Profissionalmente acredito que não se deve haver distinção quanto às religiões.
Afinal, o profissional de casamento está ali para prestar seu serviço e não para se envolver com a religião que o cliente participa.
Pessoalmente, acho desnecessário a intolerância religiosa, pois cada um tem a sua, acredita cada um no que quiser”, disse o fotógrafo.
Jackelline e Fabio esperaram vinte anos para selar a relação.
Quis o destino que o fotógrafo desse momento único em suas vidas fosse um evangélico.
No mundo em que vivemos, acredite, ainda há pessoas que não conseguem imaginar um umbandista e um evangélico compartilhando o mesmo espaço.
É hora desse pensamento mudar, e o fotógrafo Alison oferece sua contribuição, com empatia e talento.