Será que as entidades sabem tudo mas não nos contam por algum motivo? O fato é que os Guias espirituais que se manifestam na Umbanda e sua atuação ainda geram muitas dúvidas junto aos consulentes.

Muitos esperam que as entidades façam um verdadeiro raio-X de cada pessoa que venha a se consultar, decifrando assim, em poucos segundos, todos os nossos segredos. E pasmem: mesmo em pleno século XXI, para alguns isso ainda é indicativo para que se acredite que este ou aquele médium está ou não incorporado. Ou se esse médium é bom e aquele outro não. Ou ainda se a Umbanda “é boa de verdade” ou não.

Nossa experiência como seres humanos é muito ligada à carne, ao corpo físico. Talvez este seja o principal motivo que, associado a crenças e culturas diversas, ainda faça muita gente desejar ter a certeza de que há mediunidade “legítima” neste ou naquele médium incorporado no Terreiro. Preocupados com isso, perdem a chance de ouvir e se concentrar nos conselhos e ensinamentos passados pelos queridos Pretos e Pretas Velhas, Exus, Caboclos e Caboclas e todas as demais Linhas de trabalho.
E essa discussão tem desdobramentos, tal qual a questão sobre mediunidade consciente ou inconsciente, que sofre questionamentos parecidos: ao invés de saber se o que está sendo falado é do mental do médium ou da entidade, que tal prestar atenção primeiro na mensagem? Se ela for boa, a origem pode ficar em segundo plano, não é mesmo?
E é importante deixar claro de uma vez por todas: um Guia espiritual não precisa provar a ninguém que está presente. Nenhum deles se manifesta nos Terreiros de Umbanda para provar que tem conhecimento em contraposição à “limitação” dos médiuns. Nenhum deles quer mostrar que sabe muito mais e que, por isso, aquela incorporação deve mesmo ser “pra valer”.
As entidades se manifestam porque encontram em cada médium um canal de comunicação seguro, ainda mais quando todo o processo se dá num campo santo, ou seja, dentro de um Terreiro, de preferência durante uma Gira.
“As entidades sabem tudo e só falam o que podemos ouvir”
A frase acima, entre aspas, é muito comum nas conversas paralelas dentro dos Terreiros. Quem nunca ouviu que atire a primeira pedra!
O objetivo das entidades é instruir e auxiliar em nosso crescimento espiritual. Todo livre arbítrio deve ser respeitado. Em poucas palavras, tomamos nossas próprias decisões e isso nunca deve ser negligenciado ou alterado por qualquer manifestação espiritual.
Muitas das entidades que se manifestam na Umbanda um dia foram humanas e se tornaram espíritos desencarnados que seguiram um contínuo processo de evolução. Por meio de sucessivas encarnações, algumas experiências mais duras do que outras, evoluíram e agora prestam este lindo serviço a nós, valendo-se de sua crescente bagagem espiritual.
E, ao se utilizarem do mental dos médiuns, se comunicam conosco em nossa língua e possuem grande habilidade para lidar com as pessoas, visto que são grandes conhecedores da psicologia humana. Ao se comunicarem conosco demonstram grande sabedoria e autoridade moral. Entretanto, dizer que as entidades sabem tudo não é verdade.
Durante os atendimentos, os Guias são assessorados por outros trabalhadores do astral, além de sua própria falange. E, creia, nossos próprios mentores e anjo de guarda estarão presentes para auxiliar nestes momentos, fazendo com que a consulta seja o mais rica possível.
E para usar o mesmo termo citado no início, eles fazem sim uma espécie de raio-X, pois conseguem sentir nossas emoções mais latentes, nossa aura energética e até um pouco da nossa história pessoal. Mas é apenas uma foto, um instantâneo, uma radiografia de momento. Não é o desvelamento total da vida do consulente, muito longe disso.
Segundo relatos de médiuns e muitos livros produzidos nestes mais de 100 anos de Umbanda, as entidades não têm a permissão para nos falarem tudo que é revelado a elas. E a limitação não é um empecilho e sim uma mistura de respeito à Lei de Causa e Efeito e bom senso.
Nem todo mundo possui o merecimento ou a necessidade de obter uma prova infalível da existência do mundo espiritual. Para a grande maioria, a fé será exigida de maneira constante para que os aconselhamentos sejam cada vez mais direcionados e efetivos.
Portanto, é um desperdício de tempo saber se as entidades sabem tudo e nos “poupam” de contar isso ou aquilo. Tal qual os Orixás, que são partes de Deus (Olorum, Zambi), assim também é com os Guias espirituais e outras manifestações do espírito.
Quem quer ajudar não cria impedimentos; simplesmente ajuda. E por mais evoluídas que as entidades possam ser, saiba que elas nunca param de aprender. Elas não sabem tudo, ninguém sabe. Mas é fato que a sabedoria delas é muito maior do que podemos imaginar. A fé é o nosso respeito.
E você? O que pensa sobre este tema? Conte para nós!
muuito interessante
Gosto da religião espírita, mas sim tenho muitas dúvidas, as vezes acho injusto digamos assim, lutar com.o que não podemos ver, uma vez que ouço falar que tem interferência de espíritos em nossas vidas, porque é dado o espírito a permissão para interferir na vida das pessoas, seja através de uma “macumba” ou até mesmo através da obsessão?
Olá Adilson. Pelo que já pesquisamos, a espiritualidade não tem o intuito de “revelar segredos” das pessoas e sim aconselhar. Pessoas que dizem que “adivinham” coisas e fatos podem estar manipulando a verdade ou se valendo de energias densas que não tem nada a ver com a Umbanda.