Pontos Riscados na Umbanda: entendendo o básico

Pontos Riscados na Umbanda, o que são e sua importância é algo que vale a pena saber.

Abaixo, publicamos o texto de Angelo Pinheiro com imagem ilustrativa de Bendito Benedito. Acompanhe.

A Umbanda tem muitas coisas que podem nos passar despercebidas, mas que tem extrema importância para o ritual tão maravilhoso voltado a caridade dessa religião divina.

E uma dessas coisas são os Pontos Riscados.

Mas o que seriam Pontos Riscados?

Quais os seus significados, qual a sua representação?

A fim de esclarecer, abaixo colocarei resumidamente um pouco sobre o tema para todos os umbandistas.

Então, pensando na lógica do ser humano, do ser físico, poderemos colocar da seguinte forma:

Uma pessoa tem identificações no caminhar de sua vida, que compõem documentos que o representam, que indicam ser alguém.

Como exemplo, o nascimento de uma pessoa.

Logo teremos a sua primeira identificação documentada, que é a sua certidão de nascimento.

A partir daí teremos outras identificações como documento de identidade, carteira de estudante, carteira de motorista, certidão de casamento, CPF entre outras.

Quando chegarmos em um local que não somos reconhecidos fisicamente, apresentamos nossa documentação para que possamos ser reconhecidos e não sermos confundidos com um outro alguém.

Bem, isso na Umbanda também acontece.

Portanto, dentro de uma Gira, na chegada de uma Entidade de Luz, estando incorporada em um médium, a Entidade faz com que ela seja reconhecida.

Para isso usa-se o Ponto Riscado que, a grosso modo, é a identificação da Entidade de Luz perante os demais médiuns e consulentes.

Dentre outros motivos, isso ocorre para ficar demonstrado que quem está ali é realmente uma Entidade de Luz e não um Espírito sem luz tentando enganar o consulente e o próprio médium.

Esses Pontos Riscados são constituídos de riscos e símbolos gráficos e as Entidades de Luz se servem deles para tal identificação.

Pontos Riscados na Umbanda: entendendo o básico 1
Exemplos de Pontos Riscados

Normalmente são traçados ou riscados em tábuas ou no próprio chão.

Essas ditas tábuas podem ser de madeira ou até mesmo em mármore, e são feitos com uma espécie de giz, que na Umbanda se dá o nome de Pemba.

As pembas podem ser de várias cores, e a Entidade pode usar a cor determinante a Linha que trabalha e ao Orixá que a rege.

Essas Entidades se utilizam de símbolos como: Sóis, Estrelas, Luas, Flechas, Arcos, Lanças, Triângulos, Folhas, Raios, Ondas, Cruzes entre outros.

Pode não parecer, mas os Pontos Riscados são instrumentos dos mais poderosos dentro da Umbanda.

Uma vez sem ele, não haveria segurança, uma vez que é com a Pemba que se tem o poder de fechar, trancar e abrir os Terreiros conforme seja a exigência determinada do trabalho que será praticado.

É também através do Ponto Riscado que uma determinada Entidade de Luz demonstra a sua graduação hierárquica, pois também mostra toda a Falange de trabalhadores, que a suas ordens trabalham em prol da caridade e auxílio num trabalho que foi determinado ou pedido por alguém que necessita de uma ajuda espiritual.

Pontos Riscados na Umbanda: entendendo o básico 2
Exemplos de Pontos Riscados

Os Pontos Riscados nos demonstram se a Entidade é um Preto Velho, um Caboclo, um Exu ou qual for a Entidade presente.

Com efeito, essa demonstração nos é dada através da grafia, dos símbolos utilizados e ainda por esse meio poderemos identificar qual seria o Caboclo ou o Preto Velho ou qualquer Entidade de Luz manifestada no médium.

Os Pontos Riscados são extensos códigos registrados, firmados e sediados no plano espiritual, e cada um deles tem sua função específica.

Normalmente os Pais de Santos realmente preparados ou a Entidade firmada sabem identificar com certeza e segurança qual Entidade de Luz riscou o Ponto.
Da mesma forma, estes podem dizer com segurança qual Falangeiro de Orixá está na incorporação no momento a trabalho da caridade.

Através do Ponto Riscado pode-se dizer e confirmar a identificação da Falange da Entidade, também seus poderes e suas atividades.

Cada linha e traço tem seu significado e muita importância no Ponto Riscado pela Entidade.
Portanto não pode ser riscado por alguém sem preparo, sem o conhecimento devido, ou por alguém que não seja a Entidade de Luz atuante.

Caso não for dessa forma, o que será feito não passará de apenas riscos e rabiscos, sem a menor importância para as regras da Religião de Umbanda, a segurança de suas Giras, e a demonstração de suas Entidades.

Abaixo, alguns exemplos de Pontos ou Representações dos Orixás na Umbanda.

  • OXALÁ: Tudo que representa a presença de Luz. (Sol, por exemplo).
  • OGUM: A espada, a lança, a bandeira usada pelos cavaleiros, vários instrumentos de combate.
  • XANGÔ: O machado.
  • OXUM: A lua, o coração, etc.
  • IANSÃ: A taça e o raio.
  • Ibeijada: Carrinhos, pirulitos, brinquedos em geral, bonecos e palhaços, etc.
  • IEMANJÁ: A estrela, a âncora, as ondas, etc.
  • OXÓSSI: A flecha e o arco.
  • NANÃ: O Íbíri (um feixe de ramos de folha de palmeira com a ponta curvada e enfeitado com búzios) ou chave.
  • OBALUAYÊ/OMULU: O cruzeiro das almas.

Também temos outros significados dos Pontos Riscados, assim como descrevo abaixo:

  • Um Ponto: o Ser Supremo, a origem.
  • Uma Linha Reta: o Mundo Material.
  • Duas Linhas Retas: o Princípio de tudo, o Masculino e o Feminino.
  • Uma Linha Curva: a Polaridade.
  • Dois Traços Curvos: as duas polaridades – positiva e negativa.
  • Um Triângulo de Lados Iguais: a Força Divina – Pai, Filho e Espírito Santo – Santíssima Trindade.
  • Dois Triângulos (Hexagrama): Estrela de seis pontas – todas as Forças do Espaço.
  • Um Quadrado: os 4 elementos (Água, Terra, Fogo e Ar).
  • Um Pentagrama: a Estrela de Davi e o Signo de Salomão – a Linha do Oriente, Oxalá, a Luz de Deus.
  • Três estrelas: também podem representar os Velhos e as Almas.
  • Círculo: o Universo, a Perfeição.
  • Um Círculo com Dois Diâmetros Entre Si: o Plano Divino, o Quaternário Espiritual.
  • Círculos Menores e Semicírculos: as fases da lua (símbolo de Iemanjá), forças de luz, inclui Iansã.
  • Círculo com Estrias Externas: o sol (símbolo de Oxalá).
  • Espiral – para fora: indica chamamento de força, retirando demanda ou irradiação de Boiadeiro.
  • Seta Reta ou Curva e Bodoque: irradiação de OxÓssi (Caboclo).
  • Balança, Machado ou Nuvem: símbolos de Xangô e do Oriente.
  • Raio (condições atmosféricas): símbolo de Iansã.
  • Espada Curva reta ou inclinada: símbolo de Ogum. Também é símbolo de Ogum a Bandeira Branca com Cruz Grega Vermelha .
  • Flor ou Coração: símbolos de Oxum.
  • Coração com uma Cruz no Interior: símbolo de Nanã. Também é símbolo de Nanã os Traços Pequenos na Vertical (chuva).
  • Folhas ou Plantas: símbolos de OxÓssi ou Pretos velhos.
  • Tridentes: símbolos para ExU e Pombagira. Se utilizam garfos curvos para a Calunga e garfos retos para a Rua (pode haver ou não caveira). Também se utiliza para diferenciar entre o masculino do feminino da seguinte forma: tridentes curvos para determinação do feminino e retos para o masculino.
  • Cruz Latina Branca: Cruz de Oxalá.
  • Cruz Grega Negra com pedestal: símbolo de Omulu.
  • Arco-íris: símbolo de Oxumaré.
  • Estrela Branca (Oriente): Luz dos espíritos.
  • Estrela Guia (com cauda): símbolo da capacidade de acompanhamento (Oriente).
  • Um Oito Deitado (Lemniscata): símbolo do Infinito.
  • Cordão com Nó ou um Pano: símbolo das crianças.
  • Conchas do Mar: símbolo das crianças na irradiação de Iemanjá, Oxum e Nanã.
  • Águas Embaixo do Ponto: símbolo de Iemanjá (mar).
  • Pequenos Traços de água: símbolo de Oxum.
  • Traço ou Linha Curva com Círculo nas Pontas: símbolo de força e descarregos.
  • Rosa dos Ventos: chamada de força ou descarrego.
  • Palmeiras ou Coqueiros: força dos Velhos ou Baianos.
  • Traço com Três Semicírculos nas Pontas: descarrego e força a necessitados
  • Traço com uma entrada e duas saídas (como uma letra Y): Símbolo de Preto Velho, provavelmente um mentor da coroa de um médium, demonstrando que caminhos tem opções para a evolução.
Banner-loja

Mas esses exemplos não devem ser levados como verdade absoluta.

Isso deve ser feito apenas por pessoas preparadas, no caso um Pai de Santo, ou pelas próprias Entidades de Luz.

Esses exemplos dados acima são resultado de um pequeno estudo, e nesse caso só serve apenas para ilustrar nosso texto.

Portanto, ele não é determinante para que ninguém que não seja qualificado e preparado fique tentando decifrar os “códigos” dos Pontos Riscados de nossas queridas Entidades de Luz.

A melhor coisa a se fazer quando estamos curiosos sobre um determinado traço ou símbolo de um Ponto Riscado não é tentar adivinhações e sim indagar com a Entidade em questão o significado de que ela está querendo nos demonstrar.

Só gostaria de deixar bem frisado, para finalizar, que é através do Ponto Riscado que os Guias contam toda sua história, sua origem e passagem do mundo material e astral.

Pois uma das grandes provas de incorporação na Umbanda é o Ponto Riscado.

Se um médium não estiver realmente bem incorporado ele não saberá riscar o Ponto que identificaria com segurança a origem, o nome, a Linha e tudo mais relacionado à Entidade que esse médium estava disposto a demonstrar a seus consulentes.

Portanto, a honestidade é essencial num trabalho de caridade dentro da Religião de Umbanda.

Isso se faz necessário na demonstração dos Pontos Riscados, para que assim as pessoas que estão em busca de ajuda não sofram nas mãos de espíritos sem luz, que possam estar tentando se passar por uma Entidade de Luz.

Então, vamos ser honestos com nossas Entidades de Luz, com nossos consulentes, com nossa Umbanda Sagrada e principalmente conosco.

Saravá Umbanda, salve todos os Pontos Riscados!

Tags:
>