Egoísmo e Altruísmo na Umbanda: precisamos falar sobre isso

Egoísmo e altruísmo. Conceitos opostos, não é mesmo? Mas você verá neste texto que egoísmo e altruísmo andam juntos. Mesmo sendo muito difícil acreditar que exista alguma religião no mundo que não pregue o altruísmo.

O sentido de comungar, compartilhar, orar junto, unir-se em torno de um propósito espiritual em comum requer o amor ao próximo, algo que pode ser considerado uma espécie de pré-condição para o exercício da fé.

Amor e caridade são muito falados na Umbanda, não é mesmo?

Ambos requerem altruísmo, isso é claro. Amar e auxiliar o próximo requer deixar um pouco de si mesmo de lado e dar atenção ao outro, até aqui tudo bem.

O que poucos não se dão conta é que o egoísmo, na acepção da palavra, é tão importante quanto o seu oposto, o altruísmo.

Egoísmo e altruísmo com igual importância? Viajou agora hein, muitos devem estar pensando…

Comecemos pela definição de egoísmo: “amor exagerado aos próprios interesses a despeito dos de outrem; exclusivismo que leva uma pessoa a se tomar como referência a tudo; orgulho, presunção”.

Egoísmo é ruim mesmo, todos concordam. Colocar o próprio interesse à frente de tudo e de todos nunca será bom.

No entanto, ao observamos tanto os consulentes quantos os médiuns, notamos que em grande medida as motivações de ambos, mesmo que não seja em 100% do tempo, contém níveis de egoísmo elevado.

Isso é ruim? Não. Explico.

Um médium que faz parte de uma corrente de um determinado Terreiro deve estudar, se desenvolver, manter ativa sua mediunidade para evoluir sempre.

Porém, a correria do dia a dia faz com que, vez ou outra, o médium chegue atrasado, cansado, esgotado mentalmente.

Aí, ele (a) aproveita a Gira para se reequilibrar, incorporar seus Guias, sentir a energia positiva deles e sair de lá melhor do que chegou.

Algum problema com isso?

É egoísmo do médium ir ao Terreiro em busca de bem-estar para si mesmo? ‘Se atender os consulentes direitinho, tudo bem’, diriam muitos.

Já os consulentes, vamos refletir: quais são as principais motivações que levam as pessoas até as Giras de Umbanda, de maneira geral?

Seus próprios problemas pessoais, não é mesmo?

Você já ouviu alguém dizer que foi na Umbanda só para agradecer, para pedir que os Guias enviem energias boas para todos da sua rua, do bairro, da cidade, do mundo?

Difícil, não é?

Tanto os médiuns quanto os consulentes possuem motivações pessoais, desejos pessoais, necessidades individuais e o exercício da espiritualidade faz parte disso.

Para os médiuns, é necessário que se desenvolvam, incorporem, se relacionem com os Guias, aprendam o máximo para si mesmos e assim se tornem melhores, mais sábios e equilibrados para atender os demais.

Já para os consulentes, o que dizer?

Pense numa mãe que tem um filho com problemas de drogas ou álcool.
Ela não vai pedir ao Caboclo que leve a paz mundial a todos e sim que ajude seu filho a encontrar a cura e melhores caminhos.

É óbvio, não é? Mas poucos querem enxergar isso. É preciso que deixemos de lado a hipocrisia.

Todos temos motivações pessoais que nos levam a pensar primeiro em nós mesmos, depois nos mais próximos e só então nos demais e isso não é ruim.
Pode-se dizer que este é o ‘egoísmo bom’, se é que o conceito da palavra não torna a expressão contraditória.

Na Umbanda, buscar soluções para nossos próprios problemas é algo inerente, quase corriqueiro.

Só será egoísmo se você resolve-los e for embora.

No entanto, se você seguir na religião, auxiliando os demais, emanando energias boas, colaborando com o que puder, que mal há nisso?

Equilibre-se, busque a harmonia em sua vida e, ao alcançar, compartilhe com os demais.

Isso é (digamos assim) egoísmo e altruísmo na medida certa!

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