A religião que está faltando é o amor

“A religião que está faltando é o amor” é o resultado de uma entrevista dada por Mãe Marcia Marçal a Fabi Futhark em 4 de novmebro de 2020.

Embora o ponto de vista da entrevistada se refira ao Candomblé, reproduzimos abaixo na íntegra, pois seu conteúdo é exemplar e se encaixa perfeitamento na visão de Umbanda que disseminamos há muitos anos.

Confira!

A religião que está faltando é o amor. O mundo está cheio de pessoas com suas diversas crenças, mas o que ainda falta é o amor. E o respeito também.

Se eu respeitar a religião do outro, muita coisa vai ser diferente. Enquanto houver essa guerra em que uma pessoa diz que a religião da outra é do demônio e a única boa é a sua, os problemas permanecerão.

Se a religião dessa pessoa fosse de fato a melhor do mundo, ela estaria feliz e não se daria ao trabalho de importunar os outros. Quem é feliz não se incomoda com a vida de ninguém; quem é feliz pensa apenas na sua felicidade.

Eu sou muito feliz por ter sido escolhida pela minha religião, por ter sido iniciada para Ọbalúwáiyé, por ter um terreiro de Candomblé. Eu não tenho tempo para julgar a fé de ninguém.

A religião que está faltando é o amor 1
Mãe Marcia Marçal – Foto: Marcelo Moreno

O meu tempo é usado para tentar fazer com que as pessoas que estão ao meu redor sejam felizes também, como eu sou. Eu tenho um orgulho imenso de ser do Candomblé, e ele me basta.

Se todo mundo estivesse feliz dentro de sua crença, ninguém tiraria o sossego dos outros.

Intolerância é exemplo de que a religião que está faltando é o amor

Os casos de intolerância, de desrespeito contra a nossa religião, em que Casas de Santo são depredadas, Mães e Pais de Santo são retirados de seus terreiros, Filhas e Filhos de Santo são abordados e ofendidos na rua…

Tudo isso é praticado por quem não conhece e nem quer conhecer a nossa religião. Alguém disse para ele que a religião do outro não presta, e ele não foi até lá verificar se isso é verdade. Simplesmente acreditou e tenta destruir.

Hoje, a minha maior luta é para defender a mim e aos meus. Eu não admito, não concordo que alguém fale mal do Candomblé. Ele é lindo, é o amor mais puro e verdadeiro que tenho em minha vida!

Não escondo minha fé de ninguém, mas tenho que tentar fazer com que as pessoas pelo menos respeitem a minha escolha. Infelizmente, a gente ainda precisa lutar para isso. É um sintoma da falta de amor. É sintoma de que a religião que está faltando é o amor.

Se você não sabe nada sobre a nossa religião, então venha conhecer para entender. Não acredite no que os outros falam, porque, na realidade, eles têm medo de que a gente se encontre nessa religião de amor.

A gente entra no Candomblé pelo coração. E aqui dentro aprendemos a amar e respeitar, porque, respeitando a religião do outro, a gente mostra o amor que temos pela nossa.

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